sábado, 29 de dezembro de 2007

"Old Love Rusts Not"

"My Dearest Allie. I couldn't sleep last night because I know that it's over between us. I'm not bitter anymore, because I know that what we had was real. And if in some distant place in the future we see each other in our new lives, I'll smile at you with joy and remember how we spent the summer beneath the trees, learning from each other and growing in love. The best love is the kind that awakens the soul and makes us reach for more, that plants a fire in our hearts and brings peace to our minds, and that's what you've given me. That's what I hope to give to you forever. I love you. I'll be seeing you. Noah"

* * *

It's no secret to anyone that I cry in movies. I mean, if you know me a bit beyond the 23-year-old kid who's always trying to crack jokes, saying something stupid or even swearing with a cheesy smile, you should know that I can cry reading a book, listening to a song or, especially, watching a movie. Not thanks to my father's influence, I must say.

But lately I've watched three movies which sent me straight to what a good friend once wrote, about how lovely it is to see old people who are still in love. The movies were "El Hijo de la Novia" (The Son of the Bride), "Elsa y Fred" (Elsa & Fred) and "The Notebook", and I have a feeling from now on they are to be called "Old Love Triology", but "old" being a hell of a good word. It is, indeed, beautiful to see how some people can resist time, and even though clearly their bodies and their minds can't, their love can. Funny enough, such movies also made me think of a quote I once read in a book, which I keep in the same place I put it 6 years ago. The sentence, which entitles this post, is a German proverb, and is very true in the the first and the last movies, since "Elsa y Fred" show how older people, those who are supposed to be "done", can still fall in love.

More important it was, for me, to see how ever lasting a relationship can be, despite all adversities. Not even memory - or its lack of - can prevent one from fulflling his beloved's dream or even from recognizing the person for whom one has once fallen and has never stood back up. Billie Holiday sings in "I'll Be Seeing You" about "all the old familiar places / That this heart of mine embraces / All day through", and she couldn't be more correct, especially because for those who love and manage to make such a feeling last for that all places, be it the place where they met, be it any summer morning. And, of course, that makes me think that I want to be that one, not to mention the smile it puts on my face every time I spot a couple who could clearly be my grandparents; and even though I nearly threw up seeing Tarcísio Meira kissing Sônia Braga on TV (ugh!) I feel jealous when I see such couple live.

In fact, more often than not, I've found myself having lunch with my grandma, picturing what it would be like if my own grandpa was alive, even though I've never met him - he died long before I was born. I guess they'd be a cute couple, but my grandma wouldn't be as good mooded as she is. I suppose this is because once I heard a movie line, I'd say, in which the guy told the girl she was someone he'd like to grow old with, and that sounded so true that somehow it became a "rule of the thumb" to me. Not a rule, ok, but the way he - and whoever he is - put it just seemed... right.

There's another quote which comes to my head now, and it's more appropriate than ever - "For those who love, time is not", by Henry Van Dyke. We are so used to seeing young couples falling in love (and Hollywood loves to show that, indeed!) that sometimes we fail to see ahead of us, and sometimes that is even more important, because once you know where - or WHEN - you want to get, you find your way. Maybe not easily, but eventually you do.

* * *

This post was in English because some people just HAD to be able to read it. E um dia eu até faço a tradução dele, mas dá preguiça. =P

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Trote

* triiiiiim triiiiiim*

- Alô?
- É do Corinthians? Eu queria falar com o Dualib, por favor.
- Ah, s-

* tu tu tu tu tu tu*

- Ih, caiu!

domingo, 16 de dezembro de 2007

Demotivators

Site bem interessante, e engraçado, esse aqui - http://www.despair.com/viewall.html. Tem umas coisas bem engraçadas, porque no fundo um monte delas são certas, ainda mais se você pensar em como elas têm um quê de auto-ajuda e coisas do tipo. Fazia tempo que não entrava lá, e bem hoje teve uma parte que ficou interessante.

Essa aqui de baixo é ótima, porque muitas vezes nós criamos expectativas que são tão baixas que não chegam a ser necessariamente expectativas, mas ainda assim não são cumpridas. E como não se pode ensinar truques novos a um velho cão, nós é que temos que aprender a mudar, ver as coisas de outra forma e afins.

Parece até que quem está errado sou eu. É demais querer ouvir um "obrigado" às vezes?




domingo, 2 de dezembro de 2007

Felipe


Levanta a cabeça, rapaz. Você é o único a não ter culpa nenhuma nisso tudo. Nós é que te devemos agradecimentos.

E eu, que uma vez jurei nunca mais verter lágrimas por ti, chorei hoje, Corinthians.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Primeira Impressão

Dizem que a primeira impressão é a que fica, mas eu pelo menos já vi provado por A + B que isso é lorota. Quem se interessaria tanto por alguém que, logo na primeira noite, vomita numa festa porque "caiu a pressão"? Ou mesmo um cara que senta na sua frente, sorri, bate papo e paga pau pra menina ao lado? Mas ainda assim a gente consegue relevar a situação e mudar tudo, porque é meio óbvio que primeiras impressões podem ser erradíssimas.

Não só de pessoas, porque tem uma porção de bandas que, à primeira ouvida, foi uma "Afe, que merda é essa?" pra dali um tempo estar dizendo "É, bem legal", como foi o Manic Street Preachers ou mesmo o Keane, sendo que pra esse teve até som entoado no talo, e mais um tanto de partes mais chatas. Ainda assim, foi a primeira impressão que foi errada (ah, o Beck teve isso também comigo).

Mas voltando às pessoas, chega a ser irritante como tanta gente "fecha" a cara e nem quer mais saber dos outros, não vai com a cara às vezes sem motivo e fica por isso mesmo. Ou nem chega a tanto, mas cria uma indisposição mais enraizada que jatobá na Bahia, e isso em 5 minutos. Parece, na verdade, minha mãe que, depois de 5 ou 10 minutos, decidiu que "Cidade de Deus" era uma merda de filme e não ia ficar acordada pra ver, mesmo com a opinião pública e até a da Veja contra ela. E o duro é que isso não é coisa de gente mais velha, not at all. Molecada e "jovens" adultos muitas vezes fazem a mesma coisa.

Claro que tem coisa que é chata ou ruim mesmo, e gente com quem o santo não bate nem depois de reza braba, mas por que não dar essa chance só lá pela terceira vez? Afinal, mulheres, que impressão nós, homens, faríamos de vocês se tivessemos a sorte de conhecê-las na TPM?

Às vezes, ainda é o contrário, porque a pessoa vai com a sua cara, e você tem a bendita impressão de que todo mundo não gostou, achou ruim, detestou, odiou, e tem mais é que sentar "o dedo nessa porra". Seja algo que você fez, seja você mesmo. Mas a maldita é, no fundo, a mesma, e talvez ainda mais difícil de lidar, porque não dá muito pra deixar de lado, já que você vive consigo mesmo.

Acho que, no fundo, escrevo isso porque essa semana me veio como eu mesmo tenho problemas com isso, especialmente a segunda parte. Acho que sou mais crítico pra música e filmes, mas com pessoas bem aberto (ui!), tanto que é bem difícil eu não dar um parecer inicial diferente de "Gente boa" pras pessoas, como já me zoaram bastante. Mas quando é comigo mesmo, a coisa muda. Você pode até ficar no bar até 2 da manhã sendo que ia embora às 23h que eu ainda vou achar que a pessoa não foi com a cara ou ficou porque não tinha coisa melhor pra fazer. Chato, né? Mas ainda mudo isso! rs

(e pelo amor de Deus, não estou pedindo pras pessoas terem pena de mim, até porque acho que tive bem clara algumas demonstrações de como já estive errado, e até vivo uma delas)

Aproveito pra agradecer uma das pessoas que conseguiram me fazer ver que ainda posso causar uma boa primeira impressão, e sem orkut ou MSN pra ajudar, nem mesmo álcool. É isso que faz a esperança ficar viva de que eu ainda chego lá. Coloco uma foto nossa, que não reflete de forma alguma como eu gosto dela, mas ainda assim... é ótima! E não é bafo, eu que fiz careta na hora da foto mesmo.

E, pra quem fica, "beeeeeeeeeeeeeejo".

* * *



terça-feira, 20 de novembro de 2007

Pérolas

(vagando pelas ruas de Ouro Preto)

- Ah, velho, a gente fica mesmo inventando umas coisas pra isso de CS, mas o mais comum é o Casual Sex mesmo. Nunca tinha ouvido essa?

- Um amigo meu diz que isso de sexo casual é muito mal visto. O cara nem conhece a menina, e ela vai querer deitar a cabeça no peito, fazer carinho. Ele diz que o ideal seria fazer, e quando acaba, o cara vira de lado. Quando volta, a mulher sumiu e aparece uma mesa com cerveja e dois chegados dele pra bater papo e falar do sexo.

- Mas ele aparece de roupa já?

- Daí é problema dele, sei lá.

* * *

A velha sabedoria mineira, em homenagem ao Sr. Ilustríssimo Embaixador Ricardo. Colega.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

a.k.a. "the Nicest Man on Rock"

Outro dia ainda, lendo a revista Rolling Stone pude fazer duas constatações. Uma que a revista ainda precisar comer muito arroz com feijão, e outra: Dave Grohl é um cara legal.

Ele deu uma entrevista logo antes de soltar o novo disco do Foo Fighters, Echoes, Silence, Patience and Grace, e era uma coisa muito legal de se ler, ainda mais considerando a imagem de um cara meio doido que ele é, ou mesmo o esteriótipo do "rock n' roll star". Ele fala de família, de como é importante ter essa base, que eles são até mais importantes do que música na vida dele, e por aí foi. A descrição da filhinha dele, Violet, é uma coisa fofa, por sinal. Queria que meu pai tivesse me feito escutar Amy Winehouse desde pequeno. Se bem que, em 1984, era mais fácil ele ter colocado Metallica - ou algum metal farofa, meda. Mas o fato é que a entrevista dele é muito "bonitinha", bem pra família ler, achei meio estranha, só que é meio assim mesmo.

Daí, lendo a Q, revista realmente bacana mas que tem listas do tipo "The Greatest British Albums Ever!" a cada 4 edições - não sei como conseguem inventar tanta coisa! -, ele ainda fala justamente sobre a Rolling Stone, sobre como metade dela tem propaganda e questiona a credibilidade de uma revista de música que só tem 25% do conteúdo sobre música. Na real, a Q fica com umas coisas de querer palavrão, resposta mais "uh!" e afins. Tive o prazer de redescobrir uma delas que comprei nos EUA, em 2005, com uma baita entrevista dele, falando do suícidio do Kurt Cobain e coisas mais "sérias" ou polêmicas. Ainda assim, ele é um cara legal.

Isso sem contar os covers que dá pra achar na net que ele fez, de Led Zeppelin ("Starway to Heaven") a Creed (a engraçadíssima "With Arms Wide Open", que merece isso e pior). Mas tem um vídeo que é muito bom (MUITO!), por dois motivos: é legal em si - como não gostar de "Tiny Dancer", do Elton John? - e mostra que ele gosta de "Almost Famous", um dos meus filmes favoritos. Dave Grohl é um cara legal. Salve o YouTube! (sorry, não postei nada, então deixa a bunda mole de lado e vá atrás)



Sem contar que ele é baterista dos bons, e todo santo álbum em que ele resolve ajudar, a coisa melhora: Queens of the Stone Age e até mesmo o segundo da Juliette and the Licks. Não sabia que era ele? Pois é. Não é a toa que a própria Q o chamou de "the Nicest Man on Rock". Agora você sabe, e admita: ele não é mesmo um cara legal?

sábado, 3 de novembro de 2007

Foto


"Video's a poor excuse, I know. But it helps me remember... and I need to remember... Sometimes there's so much beauty in the world I feel like I can't take it, like my heart's going to cave in. "
-- Ricky Fitts

* * *

Foto tirada na Marginal, numa sexta-feira de muito trânsito. Como sempre, em São Paulo, um lugar onde curiosamente tal beleza é fruto da poluição. Ironias da vida.

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Como (quase) me fudi no Tim Festival

Foram idas e vindas à Fnac pra comprar ingressos, e uma conta de telefone esquecida, por conta de desespero do tipo "preciso ir comprar logo que se não acaba, e eu me fodo", quando na real outras pessoas iriam se dar mal. Mas vamos lá, nada começar a peregrinação, tentar ser legal com os outros e ainda levar algumas boas patadas no meio do caminho. Passa o tempo, você faz planos e arruma a casa, pede pra te ajudarem a limpar tudo - até porque não é só por conta de seus convidados - e fica sozinho nessa. Mas a empolgação ainda conta mais alto, vamos lá!

Chega o dia do show, sem poder entrar com a máquina - toca a correr de volta pra levar. Não, Valerie, não estamos em Londres e nem morto eu deixo a minha, dá a sua aqui que eu levo. E toca voltar, ser revistado de novo... e descobrir que a cerveja é cara e tá quente. Beleza, eu nem bebo em show mesmo (o Skank se mostrou eficientíssimo nisso). E daí que acabou até água e Guaraná? A gente continua lá, firme e forte!

Daí vem atraso. Falha no som. E o papo vai, papo vem, surge o tio com o Club Social e a vida continua numa boa. Francesas viram gnomos, sumindo e voltando a todos os instantes, e isso meio que segura o povo, mas até aí... quem nunca ficou pra trás porque parou pra bater papo? A pena é que não dá pra gente encontrar todo mundo que queria. Mas como o mundo tem 600 pessoas, give or take, a gente ainda vai se ver de novo, mesmo que rapidinho.

Então, quem tá bodeado resolve dar o gorpe e ir pro carro. Toca uma ida ao posto médico, e na volta, mijam na sua perna (odeio a palavra, mas é com tanta raiva que eufemismo não cabe). O filho da puta tão bêbado que alguém tem o bom senso de tirá-lo dali antes de levar uma saraivada de socos - não só meus, que fique claro - pra fazer o bicho dormir quietinho, quietinho.

E os pés doendo. As costas também. A salsicha do cachorro quente crua, não tem mostarda.

A verdade é que deu vontade de pedir penico, e fica aquela coisa de "deveria rolar um certo boicote ao ano que vem por essa palhaçada de atraso", mas a gente tá no Brasil, e bons shows não se deixa escapar. Mas os fãs (escrotos de bandas?) parece que não protestam, são sensíveis demais pra isso, e aquelas camisetas listradas e os óculos quadrados devem fazer algo de ruim a eles. Ou então é o piercing na bochecha e o cabelo colado na testa. Show de bola! Me faz pensar em quando xinguei no show do Los Hermanos e olharam feio pra mim. Tenha dó! (e não, isso não foi trocadilho com a banda)

Mas e o resultado de tudo isso? Um sorriso cansado e sincero na cara, graças aos Arctic Monkeys e, especialmente, aos The Killers, como diriam os tugas. Entrar com coisa de 3 horas de atraso e ainda respeitar a platéia, além de mandar um show absurdamente BOM e competente... valeu tudo isso aí atrás. A gente se fode, é verdade, mas o bigode do Brandon Flowers (o Mike Tyson do rock, de Las Vegas) foi mais forte, e saímos todos como que caminhando em nuvens, ainda mais se não era preciso pensar no trabalho no dia seguinte. Que show, meu Deus!!! Ainda havia restado até um pico de energia que apareceu na vontade de socar um emo, pra ver se ele cria vergonha na cara.

Paulão não sabia de nada quando disse que o duro é a água gelada no saco. Domingo a coisa foi brava, era pra se fuder, mas boa música compensa. E como.

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Anedota

Hoje li uma frase que me fez pensar em como eu dou risada de basicamente tudo - especialmente de mim mesmo - e como isso é bom. E como faz falta, pra falar a verdade. Muita gente acha gostoso ver um neném rir, mas quando um homem (moi?) se mata de rir, é bem tachado de "infantil" ou algum absurdo do tipo.

(foda-se)

Mas a bendita é do Mário Quintana, grande poeta. Diz que "o grande consolo das velhas anedotas são os recém-nascidos", o que me faz pensar que eu sou um consolo e tanto, então. Prova disso? Passo mal ao ouvir ou mesmo contar essa piada, e não é a do Euclides, pra quem conhece e odeia tanto. Assim, ó:

"Uma vez, quando Manuel voltava pra sua casa, avistou um pingüim em seu jardim. Aí, o Manuel perguntou pro vizinho dele:
- Óh Joaquim, o que faço com este pingüim?
- Óh Manuel, tu deves levá-lo ao zoológico, ora pois!
No dia seguinte Joaquim vê o Manuel passeando com o pingüim puxando-o por uma coleirinha. Aí o Joaquim pergunta:
- Ora Manuel, não levaste o pingüim ao zoológico ainda?
- Mas é claro que sim, Joaquim, e ele adorou! Agora estou a levar o bichinho ao Playcenter."

Salve a boa e velha anedota!

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Belos e Malditos

Letícia. Professor Girafales (nosso bom "Mestre Lingüiça"). Leir, Márcio "Coxinha". Iole. John Keating, Louanne Johnson, Glenn Holland e Mark Thackeray. Flávio Wolf de Aguiar. Paulo Freire.

Eu realmente não desejo mal a nenhum de vocês, e nem poderia a alguns. Escolhas sempre foram minhas, sei disso. Mas hoje, diferente de dois anos atrás, malditos sejam vocês, belos e malditos.

domingo, 7 de outubro de 2007

Pra gostar de SP...

Confesso que uma conversa de ontem me deixou pensando nas coisas de que gosto de SP, e é difícil pensar em tantas assim. Quer dizer, claro que a cidade é boa, mas quando eu peso, dá vontade de sair correndo quase que na hora, especialmente se estou dirigindo, preso no trânsito ou algo assim. Daí, resolvi fazer um Top 5 das coisas que gosto. Meio que sem explicação, mas eu adoraria que as pessoas me mostrassem o que tem de tão bom, além do velho "Ah, eu gosto de saber que tem tudo se eu precisar", porque a gente sabe bem que ninguém usa nem metade disso e viveria muito bem sem.
Anyway, de que eu gosto?

1. Avenida Paulista
Meu endereço favorito. Gente de todos os tipos; comida pra tudo quanto é lado (e salve o yakissoba vagabundo!); um parque; a Livraria Cultura e a Fnac; o MASP e o saguão embaixo dele, que vai perder muito do charme; cinemas bons; fácil de chegar, conexões pra cidade praticamente inteira.

2. Teatro
Antes, eu não dizia isso porque nunca ia, mas agora que eu criei vergonha na cara, posso falar. Teatro em SP não tem igual, e é uma pena que esse seja talvez o mais "tem quando quero" menos aproveitado por qualquer bom paulistano.

3. Shows
Aqui não precisa nem de explicação, ainda que os Stones e o Weezer não tenham tocado por aqui. Talvez o motivo que mais me prenda aqui, sem contar as pessoas, é claro.

4. O'Malley's
Pode parecer bobagem, ainda mais com a quantidade de bares que esse lugar tem, mas lá é especial, sem outro que se equipare. Infelizmente, fechado. Até quando? Desde a Montana, em Poços, não me sentia tão orfão de bar. Só falta fecharem o Krystal e o Rei das Batidas. Aí é pra morrer.

5. Ônibus
Por mais que eu ODEIE o trânsito desse lugar, não dá pra negar: os ônibus são bons. A Marta, xinguem o quanto for, deu uma melhorada incrível no serviço, e ele é bom, vai pra tudo quanto é canto. Já conheci gente e fiz amigos dentro do 177P, dormia todo dia indo pra aula, leio bastante, e ainda por cima é um preço razoável, considerando a extensão da coisa. Eu, em especial, sou privilegiado, porque aqui perto de casa tem ônibus a rodo, e eles me levam pros lugares que eu mais gosto de ir. Bilhete Único, então, é só alegria.

Deixei passar o quê?

domingo, 30 de setembro de 2007

Motinha

Despedir-se de alguém é sempre muito chato. Claro que tem gente que, não dá pra negar, é melhor ver pelas costas do que pela frente, e eu não sou hipócrita pra dizer que isso não existe. Já dei muito tchau na minha vida rezando pra nunca mais ver o sujeito na minha frente, ou mesmo fiquei calado diante de um "a gente se fala", porque não era minha intenção fazê-lo. Pior ainda quando a pessoa diz que tá com saudade e sua vontade é de falar "eu não, sorry". Podem me chamar de amargurado ou algo assim, mas eu tenho a sensação de que eu já tive experiências o bastante pra saber quando dizer isso ou não, porque eu gosto só de dizer pras pessoas de quem eu vou sentir falta mesmo, sentir saudade, ficar triste em ver ir embora ou simplesmente subir num ônibus, entrar num taxi. Qualquer coisa do tipo.

Nesse sentido, parece muito que "tô com saudade" (ou mesmo "saudades") anda sendo banalizado como "eu te amo". Talvez por trabalhar com molecada de 15 anos, mais ou menos, eu fico vendo o tanto que eles escrevem isso, quando não um "xaudadi" ou "ti amu, miguxa" e coisas assim. Afe! Ver como os americanos usam o tal "I love you" é uma coisa que me deixa meio deprimido, porque se diz pra gente que mal se conhece, e não tô falando de paixões relâmpago ou algo assim. No, sir. E o Brasil segue o mesmo rumo, só que isso chega a ser pior com o lance da saudade. Talvez porque nós, que nos orgulhamos tanto de ter uma palavra tão carregada de sentido e bela em nosso léxico, estejamos fazendo com que ela vire outra palavra qualquer, que se diz pra qualquer bobo que passa na rua. Imagine isso no telemarketing. "Obrigado, senhor. Vou estar sentindo saudades, te amo", que horror!

Isso faz a gente pensar até um pouco na própria carreira, ao menos na minha: Letras. Tanta gente acha sem sentido, meio sem lugar no mundo hoje a não ser que seja tradução, e ainda assim tem que ser pro Harry Potter. Mas eu sinto que pra mim serviu pra mostrar o quanto palavras são importantes, como umas conversas no MSN claramente mostram, e isso não deve ser perdido. Nunca, de jeito nenhum, e quanto menos a gente cultiva uma cultura que mostra essa importância, mais cedo os sentidos vão se esvaziando. E o sentido de "estou com saudade" é grande, ao menos pra mim. Ter ido pra longe daqueles de quem eu gosto tanto desde mais novo me mostrou o peso que isso tem; queria que outros pudessem ver isso um pouco melhor em vez de soltar essas coisas a torto e a direito. É pensar um pouco, ver se vale a pena falar, e o fazer com mais sinceridade, really mening it.

Bom, bobeira da minha parte? Talvez sim, e talvez seja exagero meu, como eu achei de um cara uma vez que dizia que os americanos estavam estragando o inglês por dizerem "have a nice day" sem querer realmente dizer aquilo (pra mim, é ser minimamente simpático), até porque desejar um bom dia não mata ninguém. Mas isso tudo hoje veio por um motivo, além da vontade de escrever um post sobre isso. Poderia ter sido melhor, eu juro que já ouvi uma música que falava justamente disso, e eu até mesmo pensei em falar sobre como eu sinto saudade de mim mesmo - é, eu sinto mesmo. Só que hoje tinha motivo forte, pra mim.

Boa sorte, Flávio, ou Motinha, nessa empreitada. Acho que não preciso falar, mas rezei muito por você, e torço pra que tudo dê certo, e sua vida pelos próximos dois anos te faça crescer, te acrescente muita coisa boa. Nunca tive problemas em admitir isso, e não vai ser agora que vai ser diferente. Sempre senti e sinto já saudade de você, amigo. Vai com Deus, e se cuida pra voltar, porque você faz falta.


quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Chama a Marta, Dunga!

Olha, eu ia escrever um post bacana, tinha pensado em umas 3 coisas, uma delas uma "homenagem" que vem no fim de semana, mas depois de ligar a TV, não deu outra. Vou começar uma campanha:

CHAMA A MARTA, DUNGA!

Puta merda, quem viu o gol dela sobre os EUA ontem, no mundial da China, vai ter que dar o braço a torcer, mesmo que não goste de futebol. Obra-prima.

Morra de inveja, Ronaldinho Gaúcho, seu feioso.


quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Missiva

São Paulo, Brasil

Caro Edward Louis Severson III,

escrevo aqui a carta que sempre tive vontade de escrever para vocês. Curiosamente, eu que escrevo tanto, gosto tanto de cartas e não tenho maiores problemas em escrever em inglês, nunca o fiz. Falta de tempo, falta de um endereço... ou talvez simplesmente o medo de não ter uma resposta, e com isso ficar um tanto quanto desiludido. Coisa de fã.

Sabe, nem sei bem por onde começar, e acho que vai ser pelo fim. Esses dias eu tive uma felicidade enorme, quase sem tamanho, pra falar a verdade, e foi simples. "Redescobri" vocês, como que pela primeira vez, como uma criança que ganha brinquedo novo, sabe? Aquela coisa de "Meu Deus, como isso é bom!", mas com consciência, com o gostinho do novo de novo. Tanto que, desde então, só não tive a chance de ouvir de cabo a rabo dois discos, "Binaural" e "Riot Act". Mas o meu xodó... ah, o maravilhoso "Live On Two Legs", meu primeiro e favorito disco, esse já foi devorado, como já o fizera tantas vezes ao longo dos anos, desde 1999, ano em que os decobri de fato.

Curioso como toda uma geração no Brasil (e no mundo, eu diria) foi levada pelo Guns n' Roses, ou pelo Nirvana, enquanto que vocês fizeram seu barulho e, apesar de eu quase ter pertencido à primeira turma, só terem me "batido" coisa de quase 10 anos depois de lançarem o disco que para muitos é o que vocês fizeram de melhor. Não pra mim, infelizmente, apesar de "Even Flow" e "Black", por exemplo. O que me cativou, logo à primeira ouvida, foi o "Vs", disco que tem a música que digo com segurança: é minha favorita. Foi a primeira, e isso mesmo tendo visto o clipe de "Do The Evolution" em 1998 mesmo (aliás, sabia que fiz um trabalho final de comunicação, sobre Comunicação de Massa e o clipe? Me valeu um 10 redondíssimo!). Mas o fato foi que vocês vieram, fizeram as apresentações, e ficaram. Por isso, eu agradeço. Explico.

Confesso que na época eu estava indo pelo caminho sem volta do "Gosto de tudo um pouco", até mesmo ouvindo coisas de BSB pra baixo e cantando, mesmo um pagode ou outro. Mas conto isso não com vergonha, mas sim com um sentimento de gratidão a vocês e ao Rodrigo Duente, que me emprestou o tal disco que fez a diferença. A partir daí, comecei a mudar os gostos, e isso foi um processo complicado que teve a ajuda de dois grandes amigos, Marcos e Juliana (Berdz), já que meus pais ouvem de tudo e uma boa parte dos meus amigos também. Hoje, se entendo alguma coisa de música e posso dizer que tenho bom gosto, devo isso demais a vocês, que me deram a mão e mostraram por onde ir. Curiosamente, aliás, a imagem por trás do disco é de uma mão. E sim, eu sei que o disco se chamaria "5 Against One". Não ligo.

Sabe, quando comecei a ouvir vocês pra valer e correr atrás dos discos antigos, já que até então tinha apenas o ao vivo e "Vs", passei a ler sobre vocês, a briga com a Ticketmaster e ver clipes, mas o engraçado era entrar numa sala de bate-papo com seu nome, noite após noite. Me divertia horrores.

Mas, voltando ao começo, ou seja, o fim, fico grato. Hoje tive um dia de overdose, vi todos os clipes e apresentações que consegui, revi meu "Single Video Theory" (meu único DVD de música, presente da Thelma) e percebi que vem desde o último álbum, que me fez sentar e os ouvir novamente, sem pensar em como o que tinha sido feito antes era melhor. "Wasted Life" e "Worldwide Suicide" entraram para as favoritas, que caberiam em alguns Top 5 e sem ordem, porque pérolas como "Given To Fly" ou mesmo "Smile" não podem ser colocadas em ordem. Não dá. Nem mesmo para músicas "só" legais como "Love Boat Captain". Poderia ir nessa lista por horas a fio, e ainda assim mudar a ordem até desistir, e não é por isso que escrevo.

Escrevo em agradecimento, pura e simplesmente. Agradecimento por fazerem dos meus dias experiências melhores, por falarem "por mim", por me deixarem emocionado, por me mostrarem qu eu consigo, sim, realizar sonhos por conta própria, por me levarem à Europa, por simplesmente estarem aí por mim e para mim, mesmo sem saber e com tantos desencontros. Chorei, e como, ao ouvir "Elderly Woman Behind The Counter In a Small Town" ao vivo na Bélgica, mas foi um choro bom, lavou a alma, ainda que algumas coisas posteriores, que ainda precisam de definições melhores do que "tristes", quase tenham colocado em cheque toda essa fanhood, se é que tal palavra existe. Agradeço também por mostrarem ao mundo que existem americanos conscientes do que se passa nos EUA, coisa rara de se achar.

E, se posso fazer um pedido, é para que voltem logo ao Brasil. Poucas coisas poderiam me fazer tão feliz quanto vê-los na minha terra que tanto amo e que tanto gosta de vocês. Mas o tempo vai cuidar disso, e tenho certeza que ele nos será favorável a todos, já que a mim foi e muito. Digo isso com um sorriso no rosto, mesmo tendo esperado 7 anos desde a minha primeira chance perdida.

Eddie Vedder e Pearl Jam, obrigado.

Do amigo e fã,

Paulo Tiago Sulino Muliterno

* * *

- Glad to have you back, Paulo.

As seis palavras que me bastariam. Só.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Malucos, e com detalhes

Martin Luther King, Jr. começou seu discurso em Washington com uma frase que entraria para a posteridade, "I have a dream", seja como referência ou como motivo de piada para Homer Simpson. Uma galera (e põe gente nisso!) lá na Bíblia teve revelações ou anúncios por meio de sonhos, e isso até livrou a pele de José no Egito. O Van Halen canta sobre os tais "dreams" e do que eles são feitos - amor e aquela coisa de que eu consigo mesmo com todos os obstáculos. Não vou falar sobre o "sonhador" de Leandro & Leonardo. Mas e quando seus sonhos não fazem o menor sentido, ou eles são pesadelos recorrentes com coisas medonhamente mundanas?

Freud colocou a coisa como, basicamente, "a realização de desejos, disfarçados ou não, satisfeitos em pleno campo psíquico", e se nós temos consciência disso, são sonhos manifestos. Já os pensamentos e desejos inconscientes que ameaçam acordar a pessoa são chamados "conteúdo latente do sonho". Bonito, né? Pois é, mas como a gente vai chamar de "desejo" se atrasar pra uma entrevista estranhíssima às margens da Marginal Pinheiros porque o ônibus saiu da sua casa, foi pra USP em coisa de 10 minutos e subiu numa árvore? Ou mesmo estar subindo uma rua perto da sua casa, sendo que não tem céu, e de repente seus amigos passam rolando, pelados, abraçados uns aos outros? Sem contar que dá pra chamar pesadelo de "desejo inconsciente"? Claro, se o sujeito é masoquista e sonha com chicotes, bom pra ele, e Freud até disse que isso é resultado de desejos sádicos, mas pesadelos com morte, por exemplo, que interrompem os sonhos são o quê, então? O pessoal lá na ilha do "Lost" deve saber bem, porque tem cada coisa de louco...

Claro que muita gente prega simbologia para os sonhos, o que não quer dizer que sonhar com uma palmeira ou palmito é sinal de que o cara ou a menina estão no repouso do lar com os dentes cravados na fronha do pobre travesseiro. Mas, como eu disse, acabei por indo pesquisar umas coisas quando vi que todo santo pesadelo que eu tenho acontece na escola ou tem a ver com meu trabalho que, por sua vez, é onde? onde? onde? Numa ESCOLA! Isso ae! E o que me veio? "ESCOLA — Na vida: experiência. No amor: crescimento." Se for isso tá até que bom, porque sonhar, por exemplo, que sua professora de biologia do colegial é amigona de uma pessoa que você conheceu tempos depois, estando no colegial com 23 anos, só pra ver ela contar seus podres e falar das suas pernas é realmente algo de experiência. Medo.

(como se sonhar com a Minnie e o Saddam no mesmo parque fosse uma coisa muito mais interessante)

Pra quem tem curiosidade, é só procurar alguns desses sites de manual de sonhos ou qualquer coisa que o valha. Mas que é legal sonhar, isso é, ainda mais quando você tem pessoas no meio. Quem não gosta de saber que tomou parte em um sonho? Seja sóbrio, bêbada de verde numa festa do Hawaii, rolando na rua ou pelado, é legal e eu faço questão de anotar pra contar pras pessoas depois, porque a gente vai acabar esquecendo, especialmente se os seus tiverem detalhes tão bizarros quanto os meus. Faça isso você também, e quando notar que tem uns que nem José nem Freud explicam, faça como eu: dê risada de tudo, mas fuja da escola. Eu sempre faço isso nos tais sonhos.

PS: já que eu falei lá em cima, não custou nada. Boa sorte, especialmente se tiver muito palmito. PALMEIRA — Na vida: prejuízos. No amor: solidão. PALMITO — Na vida: bons negócios. No amor: felicidade.

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Foto

Porque me deu vontade de postar uma foto, de que eu gosto, e sem o menor sentido. Praticamente um albergue.

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Cântico XIII

Renova-te.
Renasce em ti mesmo.
Multiplica os teus olhos, para verem mais.
Multiplica-se os teus braços para semeares tudo.
Destrói os olhos que tiverem visto.
Cria outros, para as visões novas.
Destrói os braços que tiverem semeado,
Para se esquecerem de colher.
Sê sempre o mesmo.
Sempre outro. Mas sempre alto.
Sempre longe.
E dentro de tudo.

-- Cecília Meireles

* * *

Eventualmente, sento com calma e escrevo um post maluco sobre sonhos. Tive um outro dia que prova que minha sina, além de sonhos sem pé nem cabeça, é a de sempre - sem tirar nem pôr - que vem coisa ruim vem a escola junto. Afe!

E a Cecília manja. Fato!

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Is It Any Wonder?

Não poderia ter tirado as palavras da minha boca de maneira melhor, Tom... e isso me assusta. É pra mim? [2]

* * *

IS IT ANY WONDER?
-- Keane

I.. I always thought that I knew
I'd always have the right to
be living in the kingdom of the good and true and so on
But now I think I was wrong
and you were laughing along
And now I look a fool for thinking you were on...

My side,
Is it any wonder I'm tired?
Is it any wonder that I feel uptight?
Is it any wonder I don't know what's right?

Sometimes it's hard to know where I stand,
It's hard to know where I am,
Well maybe it's a puzzle I don't understand.
Sometimes I get the feeling that I'm
stranded in the wrong time
where love is just a lyric in a children's rhyme, a soundbite

Is it any wonder I'm tired?
Is it any wonder that I feel uptight?
Is it any wonder I don't know what's right?
Oh, these days, after all the misery made,
Is it any wonder that I feel afraid?
Is it any wonder that I feel betrayed?

Nothing left inside this old cathedral,
just the sad, lonely spires,
How do you make it right?

Oh, but you try,
Is it any wonder I'm tired?
Is it any wonder that I feel uptight?
Is it any wonder I don't know what's right?
Oh, these days, after all the misery made,
Is it any wonder that I feel afraid?
Is it any wonder that I feel betrayed?

domingo, 12 de agosto de 2007

O Conto Da Ilha Desconhecida

Não sou de fazer isso, mas esse vale a pena... teatro bom, barato (R$10,00 a meia, para todos) e literário, ainda mais de um livro que poucos conhecem. Saramago causa medo só de ser pronunciado, mas O Conto Da Ilha Desconhecida, um conto, é bom e fácil de ler. Imperdível! E ver uma adaptação tão competente e simples, gostosa, num teatro pequeno, que nos coloca pertíssimo dos atores num cenário simples e tão bem aproveitado, sem restringir o espectador, faz valer mais a pena ainda. Nem demorado é (pouco mais de uma hora)!

Programão, recomendo a todos! Vai dar mais vontade ainda de reler o livro, e pode mostrar bem para algumas pessoas como nossas "ilhas" estão mais perto do que imaginamos. Como sempre estão.

* * *

(do site Guia da Semana)

"O Conto Da Ilha Desconhecida possui a idéia de um espaço-tempo distante, que abriga os desejos humanos e representa a vitória da imaginação e da criatividade sobre as verdades estabelecidas. Um homem pede ao rei um barco para ir em busca de uma Ilha Desconhecida.

O espetáculo da companhia Pé na Porta é uma parábola sobre a necessidade humana de dar sentido à vida, por meio da realização dos sonhos pessoais, por mais impossíveis que sejam."

Local: Teatro Fábrica São Paulo - Sala 1
Data(s): 4 de agosto a 25 de novembro.
Horário(s): Sábado, 17h; domingo, 16h.

domingo, 29 de julho de 2007

Seja estúpido!


"Honestly, if you're not willing to sound stupid you don't deserve to be in love."

A frase dita por Amanda Peet, no filme "De Repente É Amor" (em inglês, "A Lot Like Love"), diz bem qual a sensação de se estar apaixonado... não apenas soar bobo, mas SER bobo. Ser tonto, se deixar levar, ter sorrisos bobos que ninguém explica. Achar que tudo tem mais graça do que elas realmente têm, e se ninguém entende, paciência. Não são todos que têm a sorte de se encontrarem em tal estado de espírito. Tudo bem que cantar Bon Jovi super desafinado não é exatamente algo que eu faria, mas vale a intenção, não é Ashton?

Ou seja: não sinta vergonha, se jogue, entre na coisa. Afinal de contas, a gente nunca vai saber se é a coisa certa se não tenta, e tem como tentar sem ir a fundo? Drummond mesmo falou sobre isso ("A dor é inevitável. O sofrimento é opcional."), ainda que não fosse sobre exatamente a mesma coisa, mas se pensarmos, é bem por aí... ir a fundo pode ser o caminho para a dor, mas se correr esse risco além de necessário, vale a pena. Poucas situações nos dão a oportunidade de fazermos tudo que temos vontade e ainda assim gostar disso, nos sentirmos bem, sem nos importarmos com as reações alheias.

Tanta gente se preocupa com o que os outros vão dizer, mas numa relação assim vale a pena manter em mente que são duas pessoas, e mais ninguém. O famoso "nós dois e o resto do mundo", que passa a ser verdade à medida que nos dedicamos mais e mais a esse mundinho particular e bobo que é o de quem está com o coraçãozinho palpitando por um outro alguém. Se você acha que merece amar alguém, estar apaixonado, não se reprima, afinal são só você e ele(a).

Seja estúpido(a), e se esforce para garantir que seja o tanto quanto conseguir. Eu faço a minha parte, e às vezes consigo.

quinta-feira, 19 de julho de 2007

JJ 3054

O que mais vai ser preciso acontecer até que seja feito algo pra acabar com tudo isso, essa crise toda? A verdade é que dói viver num país onde é preciso ver mais de 180 pessoas perderem suas vidas pra que um aeroporto cheio de problemas pare de causar riscos. Isso SE algo acontecer.

Dói saber que muitas pessoas que voltavam pra casa nunca o fizeram e, pior, é pensar que aqueles que esperavam por elas não mais poderão abraçá-las e beijá-las. Apenas chorar seus mortos, e entrarem em eternas brigas por um mínimo de justiça.

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Au Paris...




ai, ai

Regarder le Hôtel de Ville te fait l'aimer d'avantage, mais quelque chose manque.

Et maintenant, 4.

sexta-feira, 29 de junho de 2007

Enquanto isso, em Bruxelas...

Festas de faculdade são a mesma coisa em qualquer lugar, mas por aqui os copos de cerveja saem voando e frequentemente acertam alguns coitados mais desavisados. Não que isso importe muito, mas acertam. E a gente entra na onda, arremessa e toma umas, na boca mesmo ou na cachola. Outra coisa é você descobrir que suas habilidades com o francês ficam incrivelmente melhores depois de beber, e mesmo o tal de beijo com que os homens se saudam aqui vira uma coisa normal.

Um sofá pequeno pode ser um problema, mas se tem um chão do lado as coisas se resolvem.

Algo em torno de 1000 tipos de cerveja no bar levam a escolhas mais complicadas do que a cueca com que você vai passar o dia. E sem a bendita uruguaia no fim, ressaca se torna uma coisa de outros carnavais, literalmente.

Muito mais do que cerveja, o Reino Unido funciona como um verdadeiro embelezador de mulheres, e imagino que, da mesma forma, de homens. Gosh!

E agora chegou a hora de ser feliz. 70 dias ficaram pra trás.

sábado, 16 de junho de 2007

"Hello, stranger"

Quem muitas vezes já não se deparou pensando demais em alguém que nem conhece? Se empolgando por ouvir aquele barulho do MSN quando o contato entra, e você nunca viu o sujeito na vida? Ou fazendo planos, uns mais longe que os outros, com pessoas que nem mesmo entraram de fato em nossas vidas, mas que estão ali, esperando a chance de dar um "oi"? Em outras palavras: quem nunca se interessou, de uma forma ou de outra, por estranhos?

Claro que, quando encontramos alguém pela primeira vez, seja na balada, seja na casa de algum conhecido, esse alguém é, de fato, um(a) estranho(a). Mas, apesar disso, muitas vezes você vê de longe, fica de olho e se sente interessado. Regras da atração, normal, e o mais legal é quando a pessoa olha de volta, fica de olho... daí você vai conversar, com um xaveco melhor do que o do chocolate, mas ouve um "Você tava me olhando, perdeu alguma coisa?" com um tom claramente não-amigável. Toco! Mas eu falo de, por exemplo, MSN ou orkut, por mais que alguns achem que essas coisas são de nerd ou algo menos educado. Deus me livre de conhecer alguém pela internet!

Mas não precisa ser nesse ponto. Amigos, por exemplo. Às portas de uma viagem, conversando com pessoas de outros países, que falam outras línguas, por e-mail ou por MSN, como explicar aquele formigamento e animação só de ver que o cara mandou um e-mail legal, ou mesmo que entrou no MSN? E o papo flui como se fossem velhos amigos, segredos compartilhados, besteiras são ditas, risadas dadas e, principalmente, planos traçados (e até casamento vale nisso, se o padrinho deixar, é claro). De repente, você se pega andando na rua e pensando que o Fulano gostaria daquilo, ou mesmo que você morreria pra levar a Cicrana a tal lugar, numa convicção de quem tem anos de amizade; dá até vontade de ligar na hora, e nesses momentos eu olho pra cima e dou graças aos céus pelo SMS. Obrigado, Senhor! Minha conta agradece.

E qual o problema com isso? Nenhum, nem mesmo se o caso for de passar horas na frente do PC só porque aquela pessoa pode entrar, ou correr pra ver os e-mails seja a hora ou o lugar que for, numa ânsia infantil. E tá interessado(a) mesmo? Ótimo, não se reprima, deixe a coisa sair. Numas dessas, mesmo que não aconteça a paixão (como diriam Leandro & Leonardo), uma amizade muito bacana pode sair dali. E pro inferno com quem tem preconceito contra esse tipo de coisa, como eu já disse. O mundo muda, e pra que negar o que o bendito digital hoje é parte da nossa vida?

Pior, eu diria, é poder cantar algo como em "We Might As Well Be Strangers", do Keane. Esse tipo de estranho, sim, deve ser evitado a todos os custos:

"I don't know your thoughts these days
We're strangers in, an empty space
I don't understand your heart
It's easier, to be apart"

Me chame de sonhador, ou romântico (e, por favor, não vá ver isso como um apaixonado, vai), mas eu gosto mais da minha concepção da coisa toda. Não vejo pessoas como estranhos, ou estranhas. São amigos e amigas que ainda não tive o prazer de encontrar. E se você concorda não se iniba de dizer, com um sorriso sincero, um sonoro "Hello, stranger". Pode operar pequenos e verdadeiros milagres, como já pude viver.

domingo, 10 de junho de 2007

Pérolas

Coisas que se diz por aí que não dá pra acreditar.

(no mesmo bar da outra)
- Oi.
- Oi.
- Sabe que você é um doce?
- Ah é?
- É... e se você for tão doce por dentro quanto é por fora, se for esse verdadeiro docinho de côco, então você é um prestígio. Mas se, por outro lado, você for uma menina meiga, praticamente um caldinho doce por dentro, então é uma sensação. Já eu posso nem ser tão bonito, mas posso te garantir que se você provar de um beijo meu, vai querer bis.
- *risos*

(e não é que cola?)

domingo, 3 de junho de 2007

Papo de salão

Por que será que algumas pessoas têm tantos "problemas" em aceitar que nós, homens e mulheres, podemos gostar tanto uns dos outros sem qualquer sugestão, indicação, inclinação ou qualquer coisa que seja sexual? Esses dias ainda conversava sobre isso, mas num sentido mais amplo, e tenho uns dois ou três casos que são mais fixos no papo todo, porque muita gente duvida que a empatia foi tão grande, e ficou nisso mesmo. Como assim? Não rolou nada? Ah, claro... e eu sou o bozo.

Chega a ser bem chato isso, ainda mais quando você é homem e faz um curso como Letras: sala de 63 pessoas, 7 homens, e pelo menos dois deles poderiam ser pais da maior parte dos alunos. Acaba que a gente conhece mais mulher, e daí tem que aguentar esse tipo de coisa o tempo todo. Dar aula de inglês não ajuda, e ainda de quebra vem a fama de viado de carona (se bem que essa ainda gera situações engraçadas). Letras e inglês? Meio caminho andado, e se tiver mais amigas mulheres... opa, esse aí belisca o azuleijo. Certeza.

Mas, é claro, existe outra opção: ser o pegador. Ter feito rapa no orkut e todas as mensagens terem algum tipo de duplo sentido, e na faculdade rodar por todas as línguas (hã? hã?). Daí você fala que não tem nada, mas qualquer abraço dado ou mesmo uma brincadeira boba dá margem a todo tipo de comentário e "achismo". Porque homens e mulheres não podem ser simplesmente amigos. Amigo de mulher é cabelereiro. Às vezes me vem que isso é bastante fruto de uma maldita postura de uma grande parte dos homens, que não conseguem simplesmente deixar de pensarem com a cabeça de baixo (você tem toda a razão, Roger: somos monstros de duas cabeças) e ser legal sem querer nada em troca. E homem "pegador" tem por aí a rodo, sendo que ele é gostosão; a mulher é vagabunda, galinha ou o que for.

Por outro lado, existe o famoso PA, ou fuck buddy, se você quiser ser mais fino(a). Algumas pessoas levam isso numa boa, mas fazer disso uma regra é demais. E o pior é que não são só os homens que acham isso de amizade, porque tem muita mulher que se recusa a acreditar diante de todas as evidências. Culpa nossa, ou do nosso mundinho tão sensual e apelativo, da supervalorização de sexo (ah, Franz Ferdinand...) ou mesmo da carência de amigos e pessoas pra nos ouvir pela qual passamos todos. Há gente que separa bem e sabe das incidências, mas outros acham que falar um "oi" mais animado é um "vem cá que eu quero te comer", e tomar um café é meio caminho andado pro motel.

Que dizer então do CouchSurfing, pra quem conhece? Ou do HC, que seja. Que só tem a perder quem não sabe separar uma coisa da outra, ou não acredita nesse tipo de amizade sincera.
Et on se trouve plus tard, Mélanie! =)

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Microondas

E quem disse que essa música me sai da cabeça? Só que não tem maiores histórias, só a lembrança de uma pessoa bem querida que me apresentou esse som. =)

* * *

MICROONDAS
Bidê ou Balde

Tem coisas lá em casa que eu nem ligo mais, pra não ter que desligar.
Pessoas da minha vida parecem sumir, mas insistem em voltar.
Amores requentados, feito pão dormido, vêm do microondas.
E o bom e velho gosto de romance antigo é sempre bom de recordar.

Flores que você traz pra me dar...
Eu não preciso disso pra lembrar.

Lembro cada beijo que eu te dei!
Eu lembro cada beijo que eu te dei!
Só pra lembrar, só pra lembrar, só pra lembrar - mais um!

Eu nunca esperei me encontrar, com você nesse lugar
O que você tem feito? Como vão seus pais? Vamos sair para jantar.
O quê que eu tô dizendo? Eu não acredito! Olha o microondas!
Desse jeito, requentando, eu sei que não existe nada pra descongelar.

Flores que você traz pra me dar...
Eu não preciso disso pra lembrar.

Lembro cada beijo que eu te dei!
Eu lembro cada beijo que eu te dei!
Só pra lembrar, só pra lembrar, só pra lembrar - mais um!

Parabéns a você nesta data, querida/ Sinto muito estou de partida.
Me disseram que é bom mudar/ mas eu não sei por onde começar
Por uma noite apenas serei seu, é foda!/ Guaraná é bem melhor que soda!
Não ligue pra o que vão dizer./ O Jet Set que vá se fuder!
Nas festas da Playboy não têm só mulher gostosa,/ tem champanhe também.
E o que você está fazendo em casa?
Ponha uma roupa e o pau pra fora.
Todo mundo sempre está/ Onde todo mundo vai.
Todo mundo dá palpite/ Todo mundo quer convite.

terça-feira, 15 de maio de 2007

Sérgio, Sérgio...

"Vais encontrar o mundo, (...). Coragem para a luta."

Ah, se soubesses como te invejo por ter ouvido essas palavras... Queria poder também dizer que "experimentei depois a verdade deste aviso", raras vezes dado a mim por quem deveria tê-lo feito, pois quase sempre a oportunidade foi simplesmente perdida.

sexta-feira, 11 de maio de 2007

Água Benta


Qualquer estudante brasileiro que se preze sabe bem o que o termo "quando a água bate na bunda" significa. Não, não vem com essa de "Ah, eu nunca tive disso, sempre adiantei trabalhos e o caralho a quatro", que é mentira. Todo mundo, uma vez ou outra na vida, soube o que é ter essa real inspiração, essa motivação extra que é o prazo chegar, você olhar no calendário e soltar um "Puta que pariu!" ou similares. A sensação gostosa de saber que você vai ter tempo pra sentar, pensar, fazer rascunhos e entregar um trabalho de encher os olhos, com ótimos textos sem erros de português (ou a língua que for) por conta da correção, com imagens bem trabalhadas, todas as idéias no papel, ou mesmo tirar questões de letra porque estudou bastante. Essa é a melhor parte da água que nos pega tão preparados e animados para o desafio.

Universitários, então, sabem disso melhor que ninguém. Afinal de contas, quem liga pro fato de que a maioria de nós trabalha e chega no fim de semana quer descansar, não ler e fazer trabalho? Os professores são, no geral, camaradas, porque dão meses de prazo (este sempre negociável), lembram-nos do trabalho, mas ainda assim... eles não sabem do como é bom esse "last-minute panic" que Calvin diz, nossa maior insipiração. Esqueça as musas, as sereias e quem mais Homero possa ter chamado: nossa musa é a água. Água, aliás, que vem a calhar com pó de guaraná muitas vezes.

Engana-se quem pensa que é tudo uma questão de estudar. No trabalho é a mesma coisa, porque um relatório feito em cima da hora sempre sai melhor, com uma fluência que faz com que vejamos claramente que a água que nos pega nos fundilhos só pode ser benta, santa, já que aquilo com que pelejamos por semanas não saía, mas no fim das contas, saiu. Graças, é claro, à falta de prazo. Ah, você nunca teve disso no trabalho? Então, amigão, você deve ser daquelas pessoas que se lembra das festas, dos aniversários e de dias como a Páscoa e o Natal e sempre compra tudo antes, porque é prevenido pacas. Parabéns!

Eu, não. Confesso que o melhor semestre que tive na faculdade foi quando fiz tudo adiantado, a mesma coisa no trabalho. Mas não tem jeito, e acho que poderíamos mudar o "logo" do país. Brasileiro e não desiste nunca? Legal, mas eu sou brasileiro e deixo pra última hora. Afinal de contas, água é vida!

sábado, 28 de abril de 2007

Quero um amor para as estações frias [2]

No esforço da guerra,
tiro para todos os lados,
simpatia e falas forçadas,
meu Deus, e, até agora, nada.

Uma eu já comi,
outra eu já peguei;
outras sempre quise o que sobrou eu já chutei.

Mas pooorra!...
Agora, agooora,no frio cadente do outono,
ninguém pra me dar bola?
Aaaahhh...
Pra dar bola tem de sobra,
mas no fim da história, quem sobra sou eu.
Ado, ado, ado, vai tomá no cu.


Por Daniel, em homenagem a todas as Paolas

sexta-feira, 20 de abril de 2007

70 Dias

Podem sonhos ter contagem regressiva para serem realizados?

"And he still gives his love, he just gives it away
The love he receives is the love that is saved
And sometimes is seen a strange spot in the sky
A human being that was given to fly"


terça-feira, 10 de abril de 2007

Braço Universal

Há temas que são ditos universais, como o amor ou mesmo a vingança, e sempre que se pensa nisso - ao menos em termos de literatura -, o nome de Shakespeare (vulgo 'Bill') é o que vem à cabeça de qualquer um. Afinal de contas, o que Romeu e Julieta tinham é algo que qualquer casal vai ter, igualzinho, hoje em dia, ou a vingança do mouro Otelo é também bem parecida com a de qualquer marido que se considere traído. Mas há quem discorde, pois amor é amor, sim, mas as circunstâncias, "tipos", variantes e afins fazem com que esse papo de universal meio que caia por terra. Vingança, por exemplo, é aceita em algumas culturas, não é bem vista em outras, normal. Podemos pensar em conceitos de beleza, e aí sim as diferenças saltam aos olhos. Magrelas ou gordinhas, homem peludo ou liso, bombado ou magrelo, peito ou bunda...

O que seria, então, uma coisa universal? Esse fim de semana tive um insight, pois o fato se repetiu algumas vezes, e junto com inúmeras vezes que presenciei tal coisa, me veio uma das respostas. Claro que você pode discordar, soltar um "Ah, comigo não tem isso", mas só está desculpado pessoas que são assumidamente braço (ou navalha, barbeiro, como quiser) ou aquelas que não tem habilitação. O fato é que ninguém suporta palpite quando estamos dirigindo. Não dá. Palpite (não confundir com conselhos) já é uma coisa chata - meninos hão de se lembrar de seus dias de fliperama com um chato que sabia jogar do lado - e quando se trata de carro fica pior ainda. "Abaixa o farol", "vai mais devagar", "pra que meter o pé no frio assim?", "muda de faixa" e afins, sendo que muitas vezes não estamos fazendo nada de mais MESMO (apesar de que o lance da velocidade e álcool misturado com volante são coisas sérias, e aí os tais palpites são mais do que bem-vindos; são necessários).

Quando nosso chefe nos dá uma carcada, mostrando claramente que fizemos uma cagada, tudo bem. A gente ouve, aprende e, por mais que fique com um pouco de raiva ou ressentido por ter tido nossa atenção chamada, dá até uma sensação de "que bom, agora eu entendi o que eu preciso fazer". No geral temos isso de aprender coisas novas, mas a direção tem um poder incrível, que me faz lembrar de um desenho da Disney, antigo, em que um sujeito comum e tranquilo se tornava um animal quando sentava atrás do volante, era engraçado.... uma coisa meio que de liberar o animalzinho que há dentro de nós. Mais ou menos como o Edmundo fazia nos anos 90 em campo, distribuindo porrada, ou alguns homens fazem no meio de uma briga generalizada (e dá pra não pensar em futebol?). Mesmo que a gente dê uma fechada, é CLARO que foi o filho da puta que vinha atrás que não viu que a gente ia virar, e pára de me encher que eu sei dirigir, cacete! É como se fosse uma arte milenar e cada um de nós tem suas técnicas, que só precisam de ser aparadas logo no começo, então até completar 1 ano de carteira, o passageiro tem o direito de falar.

Os pais são a pior parte, porque muitas vezes eles nos ensinam a dirigir, muito obrigado. Daí você começa, eles miguelam o carro, mas vão liberando, começando por ir buscar a avó pra ir à missa, ou compras no supermercado - nada de balada. Daí o tempo passa, você pega prática, compra o carro, paga o bendito IPVA, renova a CNH... mas eles ainda falam com você como se tivesse começado ontem. Não que sejamos pilotos profissionais, mas tem coisa que não dá, que nem o tal do "pé pesado" (ir a 60 km/h na Faria Lima é correr, claro) ou mesmo a cabeça na frente do espelho retrovisor, porque quem tem que ver não é você, ao dirigir, mas seu pai sentado no banco passageiro - claro que segurando o famoso puta que pariu, porque você não tem carta de habilitação, parece ter porte de arma.

A verdade é praticamente TODO MUNDO fica puto da vida com palpites no volante. E se for dos pais, mais ainda. Mas o negócio é simples: chegar pra mãe, por exemplo, na cozinha, e começar com uns "Abaixa o fogo" ou "Troca de boca no fogão, hein?", ou pai fazendo o IR, começa com "Colocou a poupança?" ou "Declarou o carro?". É tiro e queda, porque se ela falar "Quem tá cozinhando?", você vai ter uma resposta pra quando estiver dirigindo.

Ou então dá um jeito de eles dormirem. Não é tão fácil, mas é ótimo.

sexta-feira, 30 de março de 2007

Só Por Hoje

Há tempos que essa música tá martelando na minha cabeça (desde que eu a ouvi graças ao finado shuffle), mas essa semana ela é meio que merecida. E tem um verso que cai bem justamente com o post da semana passada, e outros que caem bem com os últimos meses.
E tem gente que não gosta de Legião Urbana.

* * *
"Só Por Hoje"
(Renato Russo)

Só por hoje eu não quero mais chorar
Só por hoje eu espero conseguir
Aceitar o que passou o que virá
Só por hoje vou me lembrar que sou feliz

Hoje já sei que sou tudo que preciso ser
Não preciso me desculpar e nem te convencer
O mundo é radical
Não sei onde estou indo
Só sei que não estou perdido
Aprendi a viver um dia de cada vez

Só por hoje eu não vou me machucar
Só por hoje eu não quero me esquecer
Que há algumas pouco vinte quatro horas
Quase joguei a minha vida inteira fora

Não não não não
Viver é uma dádiva fatal!
No fim das contas ninguém sai vivo daqui mas -
Vamos com calma!

Só por hoje eu não quero mais chorar
Só por hoje eu não vou me destruir
Posso até ficar triste se eu quiser
É só por hoje, ao menos isso eu aprendi

quinta-feira, 22 de março de 2007

Errata

Nas palavras do The Bravery, "it was a honest mistake", muito bem notado pela Alê. =P A frase "eterno enquanto dure" é do Vinícius de Moraes, o último verso do Soneto de Fidelidade (mas eu prefiro o de Separação):

Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Que furada, e justo eu que tanto gosto de ler! A frase do Nelson Rodrigues é "Todo amor é eterno e, se acaba, não era amor", igualmente boa e certa. Além disso, na pressa, nem falei do Wander Wildner... ó, postagem! Tanto enrolei que ainda fiz cagada. Dá nisso querer postar com sua chefe te falando pra sair que você vai se atrasar.

segunda-feira, 19 de março de 2007

Eterna enquanto dure

Ao rever "À Procura da Felicidade", filme com Will Smith e seu filho Jaden, me lembrei de um post que queria ter feito há algum tempo, logo que li o blog de uma amiga. Não é bem uma resposta, mas até que pode servir como, apesar de o post dela ser muito bom e não precisar muito de algo assim. Além disso, foi uma coisa que um professor meu falou na faculdade que me ficou na cabeça, bem bom mesmo!


No filme, Chris Gardner diz se referindo a Thomas Jefferson e à Declaração de Independência dos EUA, que "Maybe happiness is something that we can only pursue. And maybe we can actually never have it no matter what.", pois lá está escrito que "Consideramos estas verdades como evidentes por si mesmas, que todos os homens foram criados iguais, foram dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, que entre estes estão a vida, a liberdade e a busca da felicidade". Chega a ser interessante o ponto de vista dele, porque hoje em dia parece que ser feliz é mais do que um direito que temos, é uma obrigação, e ai de quem não conseguir, hein? Tudo gira em torno de ser feliz e, talvez tão importante quanto isso, temos que mostrar isso, sempre com um sorriso na cara, nunca triste.

Pois é, nesse ponto que minha amiga falou uma coisa boa. Assim como nós não podemos ser dignos de compaixão, pena mesmo, já que isso faria com que as outras pessoas ficassem down por nossa causa, ficar triste é um absurdo, espanta pessoas melhor do que peido de véio ou chato quando chega na roda. O negócio é estar bem sempre, rodeado de pessoas felizes. Assim, aliás, fica fácil: estar com amigos quando se está bem é tranquilo, até porque muitos desses são muy amigos. Ora, não se diz por aí que os verdadeiros amigos aparecem na hora do aperto, nas horas mais difíceis? E não são estas, geralmente, momentos de tristeza, de infelicidade? Pois é, e é justamente em momentos assim que vemos como somos felizes por termos pessoas tão especiais ao nosso redor. Então, eu pergunto: o que há de errado em nos sentirmos infelizes em alguns momentos e demonstrar isso? Isso não faz de mim ou de você alguém pior, alguém que deve ser evitado, mesmo porque é notório que pessoas crescem depois de situações como a morte de um parente, ou mesmo um coração partido.

Outra coisa que me impressiona é como a felicidade se tornou um bem material, como se fosse algo que devessemos comprar ou ter, e daí concordo com Chris quando diz que talvez não podemos ter a felicidade. Há por aí mil e um livros que tratam da "arte da felicidade", ou o seu segredo, ao mesmo tempo que temos uma mídia que nos mostra como comprar um EcoSport ou usar determinada marca de roupa é o que realmente nos faz feliz. Claro que se sentir bem ou realizar um sonho são parte da felicidade, mas o que me deixa bobo é apartamento: quem nunca viu algo do tipo "Sua felicidade em 48 prestações, sem entrada!" que vem naqueles papéis entregues em semáforo (se você for de SP, nos faróis sem mar)? E, nesse sentido, fica claro que pra se conseguir a tal felicidade, é preciso ser algo grande e caro, geralmente, até porque a CVC vende sonhos, não pacotes turísticos ou passagens aéreas. Há até quem precise fazer compras pra "aliviar" o stress, e isso traz uma felicidade instantânea. Digo isso como colecionador de CDs e ex-morador dos EUA.

Será que é tão difícil para nós vermos que para sermos felizes precisamos de pouco, e que ficarmos claramente tristes faz parte disso? Eu quero, sim, ficar cabisbaixo, triste, amuado, deprê, down, porque sei que isso me ajuda. E se você for meu amigo, vai saber ficar do meu lado e quem sabe sofrer comigo, pra ser feliz ao meu lado em outros momentos. E não quando eu comprar meu carro novo e me mudar para o Alto da Lapa, mas com as coisas simples: ler um livro, ver um bom filme, dar risada de si mesmo ou do amigo, poder tomar uma cerveja junto, dar um abraço no meu pai quando ele chega bem de viagem, dizer para uma mulher como ela está bonita e ver o sorriso que brota, deitar junto com alguém e conversar, ouvir sua avó contar uma história. Às vezes, mais simples ainda: fazer com que alguém se sinta querido através de um "Tá tudo bem com você?". Quem se lembrar de "Beleza Americana" sabe do que eu estou falando.

E vai ser breve, como diria Tom Jobim ("Felicidade tem fim/Tristeza não")? Não tem problema, porque eu sei que minha procura, bem sucedida aos trancos e barrancos (bem necessários), só acaba quando eu morrer. Que seja, então, como o amor de Nelson Rodrigues: eterna enquanto dure.

quinta-feira, 8 de março de 2007

Ah, mulheres!

Parabéns, mulheres, pelo seu dia!

Parabéns, mulheres, por viverem num mundo machista, que insiste em provar a superioridade masculina sobre vocês, das mais variadas formas, nem que seja à força, na base da violência. Um mundo que exalta o homem que é galinha, enquanto condena a mulher que faz a mesma coisa, como se o erro estivesse em nossos genes.

Parabéns, mulheres, por serem maioria em nosso mercado de trabalho (aproximadamente 55,8%), e ainda assim ganharem menos do que nós, homens, mesmo que tenhamos a mesma posição. Também por terem que se vestir muitas vezes como homens (ternos, por exemplo) ao atingirem cargos altos, coisa que homens não fariam.

Parabéns, mulheres, por serem exploradas sexualmente a partir de idades absurdas como 10 anos, por homens sem o mínimo de respeito por vocês e pelas vidas que vocês talvez deixem de gerar, decorrente da violência sexual. Por serem aliciadas como bonecas sem sentimentos, enganadas com promessas de vida melhor que só as levarão a um verdadeiro inferno na Terra. Por serem prometidas e vendidas como noivas em troca de dinheiro.

Parabéns, mulheres, por serem oprimidas por religiões e culturas machistas e patriarcais, que as proíbem de sentirem prazer, de mostrar o rosto, de se cuidarem e ressaltarem a beleza que há em vocês. Por serem oprimidas e obrigadas a servir maridos que, muitas vezes, têm várias esposas, como se vocês fossem algum troféu a se colecionar. Por terem de ser diferenciadas dos homens por serem "inferiores", seja aos olhos de Deus ou dos seus pares.

Parabéns, mulheres, por serem espancadas por homens grosseiros e ignorantes, que provam sua masculinidade castigando um ser tão delicado quanto vocês. Seres que são naturalmente lindas como flores, mas tratadas com espinhos, por homens que se aproveitam de sua força física para se impôr quando falta o diálogo, tão necessário em qualquer relação.

Parabéns, mulheres, por verem praticamente ignoradas e/ou contestadas todas as culturas e religiões antigas que as idolatravam e as colocavam como centro de uma socidade, por serem mães e genitores, provedoras de vida, de beleza e de harmonia. Por vivermos uma ideologia que planta nas pessoas os "lugares" de homens e mulheres, como caçadores e caças, por exemplo, ou que nos dita o que pode e o que não pode ser feito - sempre para vocês, já que nós podemos praticamente tudo.

Parabéns, mulheres, por terem um dia celebrado na mesma data que outras de vocês foram queimadas vivas por lutarem por direitos. Por terem um dia em que muitos de nós, homens, as tratam bem para, em seguida, voltarmos ao nosso mundo "normal", onde vocês voltam a ser o grupo que merece um dia especial.

A vocês, uma flor e a minha mais profunda admiração, que não dura 24 horas, mas 365 dias por ano. Isso vale muito mais do que um parabéns vazio e muitas vezes hipócrita, num dia no mínimo dúbio. Vocês merecem o dia 08 de março, de abril, de junho e todos os outros números de 01 a 31 que compõe nosso calendário.


sábado, 3 de março de 2007

Martin, Santoro e nós

"So I look in your direction,
But you pay me no attention,
And you know how much I need you,
But you never even seen me"


Segunda-feira agora, dia 26/02, foi um tipo de ressurreição após a via crucis e a crucificação, que atendem pelos nomes de "4 horas de fila na chuva" e "pagamento da fatura do Visa", respectivamente. O show do Coldplay, em outras palavras, 4 anos depois da primeira vinda dos caras ao Brasil. E, além de um puta show legal, ficaram várias coisas interessantes. E faltaram algumas outras também.

A idéia de cadeiras num show foi uma das coisas mais de girico que já vi. Me lembrou o show do Lenny Kravitz nos EUA, quando um senhor me pediu para sentar 2 vezes até eu delicadamente mandar ele ir tomar no cu e não me encher (em português), pulando como um louco ao som de "Are You Gonna Go My Way". E a Via Funchal é um lugar tão bom pra ficar em pé, mas não, alguém tinha que colocar aquelas cadeiras, e reduzir em mais da metade a quantidade de pessoas. Ou melhor, enxugar o coro, porque é incrível como todos cantam. E, curiosamente, Lenny Kravitz e Chris Martin são os dois melhores show men que tive o prazer de ver ao vivo, ficando pau a pau com Bono Vox e Alex Kapranos (do Franz Ferdinand). Não, eu não fui ver o Pearl Jam e tenho quase raiva de quem foi.

Mas uma das coisas mais engraçadas desse show foi mesmo a atenção da platéia. Em show meia-boca, a gente até entende, o pessoal fica meio distraído, bate papo, toma uma cerveja e tal. Mas quando entra a atração principal, ou mesmo antes dela, alguém rouba a cena, e esse alguém foi o senhor Rodrigo Santoro, devidamente acompanhado da namorada. Pessoas (especialmente) passaram metade do show gritando para o palco, metade gritando para ele, no mezanino, olhar pra baixo, dar um tchau ou algo assim, sendo que o cara estava na dele, curtindo o show e tocando sua bateria imaginária. Ainda assim, o Chris Martin lá, se esgoelando, e toda hora alguém olhava pra trás (eu olhava, mas pra ver a Marina Person, do lado dele). Algumas das meninas parecem inclusive terem tido um deleite maior quando ele saiu e conseguiram tirar uma foto do lado do bonitão. E daí que o Coldplay desceu do palco e tocou no canto, no meio da platéia?

O fim ainda reservou uma surpresa para nós, pobres mortais, nem tão talentosos e fofos como Martin, nem tão bonitões como Santoro. A platéia (e não foi a primeira vez que presenciei isso) berrou "Shiver! Shiver!" logo que a banda saiu, teoricamente encerrando o show. Logo me veio a lembrança de Rodrigo Amarante e Marcelo Camelo, do Los Hermanos, ano passado, dizendo que "queriam fazer coisas novas", quando pedimos "Pierrot". Calma lá, rapaz. Quem compra seus discos? Quem paga pelo show? Ah, vá tomar banho! Petulância, frescura, chame como for, e espero mesmo que um inglês branquelo tenha mostrado como se faz. Chris Martin e Jon Buckland, o guitarrista, voltaram para fazer uma versão improvisada e acústica, com letra errada, uma ou outra desafinada, mas voltaram, porque nunca tinham visto um pedido como aquele.

E eles nos atenderam, que passamos a ser os "donos" daquilo, completamente êxtasiados. Valeu cada centavo pago, tomar a chuva e ferrar com meu celular, e faria tudo de novo. O que eu podia dizer depois de tudo aquilo, e com o Santoro lá atrás? Chupa, Amarante, e obrigado, Martin.

domingo, 25 de fevereiro de 2007

Aos Amigos

"Ai ai!"


Autoridades presentes, professores, pais, colegas formandos e amigos, bom dia.

Sempre que vamos a uma colação de grau, já esperamos um evento meio formal, com um tanto de discursos que às vezes fazem um ou outro pai pescar ali no meio da audiência – nada, aliás, que nós não tenhamos feito em sala, fosse Literatura Brasileira ou Teoria do Texto. Mas sempre temos um discurso mais descontraído que é, justamente, aquele que vai falar da turma, contar histórias nem sempre engraçadas ou que não fazem o menor sentido, mas que deixam todos com um pouco de vergonha e até fazem brotar uma lágrima ou outra aqui e ali. Foi isso que eu vim fazer hoje, e ao mesmo tempo sinto que fiquei com a parte mais legal e a mais difícil também, uma peculiaridade da Letras. Falar dos professores, com gente tão boa como temos, fica até meio fácil, só tendo que tomar cuidado pra não babar demais no ovo do sujeito e dar a impressão que somos apaixonados por alguns deles. Falar dos pais também não tem muito erro, mas daí eu já estaria entrando nos discursos dos outros, e aí vai ter gente dormindo mesmo, porque discurso repetido não dá.

O porquê de eu estar falando isso é justamente a falta desse sentido de turma com que a Letras nos presenteia ao longo dos 5 anos – prova disso é que não somos a Letras 2002, mas acho que poderíamos dizer a “Letras ’99 a ‘03”, tamanha a salada de anos a gente tem aqui hoje. Infelizmente, não posso dizer alguma coisa sobre cada uma das pessoas aqui presentes, por mais que essa fosse a minha vontade, e por isso mesmo gostaria de estender essa homenagem não simplesmente aos colegas, ou mesmo aos formandos, mas aos amigos, sejam eles quem forem. Nossos pais nos apóiam, os mestres nos guiam (e às vezes nos reprovam), mas quem realmente está lá quando a gente precisa de um jeito que os pais não podem ajudar são nossos amigos. Você não chega chorando por conta de ex para seus pais numa véspera de prova, crente que vai ter um ombro amigo pra te consolar, quando na verdade seu amigo tem intimidade o suficiente pra te mandar pra um lugar onde não bate sol, sentar e fazer a prova. Ou mesmo quando você passa um pouco da conta numa festa, é seu amigo que vai parar de beber pra te ajudar (e isso eu sei bem) e depois vai tirar com a sua cara, mas sem ressentimentos, ou sermões, porque sabe que quando chegar a vez dele você vai estar lá. E isso tudo faz parte da vida universitária porque ela, mais do que qualquer outra fase, te ensina não só a fazer análise literária (o terror do aluno da Letras, ainda mais no primeiro ano) ou a montar árvores de análise sintática que vão ser o pesadelo de algum aluno de colegial. A gente apanha, aprende a economizar dinheiro, a cozinhar, vê que algumas coisas que seus pais dizem não fazem o menor sentido, e isso em português bem claro, e tudo isso sempre com os amigos conosco, seja nos ajudando, seja nos dando a chance de ajudar e aprender, seja descascando um mesmo abacaxi a quatro mãos e alguns palavrões. A natureza priva algumas pessoas de ter, ou melhor, de termos irmãos, e isso pode até parecer um privilégio quando você pensa no quarto que é só seu, mas a vida se encarrega de te dar alguns. Geralmente poucos, mas bons. Ah, sim: dizer “termos” para “algumas pessoas” é silepse de pessoa, então está certo, antes que digam que um sujeito da Letras cometeu uma gafe no discurso.

Mas do jeito que eu estou indo parece que não tem disso, dessa amizade toda, na Letras, o que seria uma mentira. Minha mãe sempre me disse que seria na faculdade que eu faria os amigos que eu levaria comigo para a vida, e ela tem razão. Do mesmo modo como fiz amigos no colegial que tenho o prazer de ver aqui hoje, sei que fiz amigos na faculdade que vou ver em outras ocasiões tão especiais quanto esta de hoje, por menos que pareçam. Afinal de contas, sentar num boteco pra bater papo e tomar cerveja não tem o glamour de uma formatura, mas ainda assim vai ser um daqueles momentos especiais pra quem estiver lá. E não precisa nem ser o Rei das Batidas depois a aula, ou mesmo durante ela. Tivemos, sim, momentos que uniram os alunos, e em que nos mostramos amigos. Quem não se lembra do desespero antes de uma prova de Estudos Clássicos na biblioteca? Prova de Latim sem dicionário, em duplas de oito ou dez? Com o perdão da palavra, quando a água batia na bunda, a gente descobria que conhecia e gostava mais das pessoas do que achávamos, e isso muitas vezes não se restringia a provas ou trabalhos. Trabalhos estes, aliás, que muitas vezes pegávamos emprestados para dar uma olhada e tirar algumas idéias, mas isso SEMPRE depois que já tínhamos entregue os nossos, é claro, nada de cópia. Imaginem, alunos da USP fazendo isso? Nunca! Muitas vezes, um bandeijão (para os mais corajosos) ou mesmo uma matada de aula pra bater papo já mostravam que há, sim, camaradagem e amizade na Letras, e que isso podia sair do nosso prédio. Pode ir até ao Rio de Janeiro, ou até o buraco do Metrô.

Posso falar por experiência pessoal que eu tenho, sim, gente aqui em quem eu confio e de quem eu gosto muito. A gente vê essa importância que temos para alguém talvez da forma mais dolorosa, magoando e sendo magoado, mas isso faz parte de todo o aprendizado que temos juntamente com as tais análises e as línguas. Podemos ver que temos com quem nos abrir e matar aula pra jogar truco, conversar sobre literatura e problemas com o namorado ou namorada, dividir alegrias e incertezas, acadêmicas ou não, além dos tais trabalhos sobre que já falei. E ter feito parte da comissão de formatura, apesar de todo o trabalho que nos deu, valeu principalmente por isso: por conhecer essas pessoas, que poderiam ter passado batidas, sem que parássemos pra trocar um “oi” e acabar conversando sobre o futuro, ou até mesmo rolando no barranco levemente alterados. Confesso que o sentimento que pairou no ar pra mim foi muito bem expresso por uma colega, dizendo “como que a gente não se conheceu antes?”. Pois é, foi preciso a gente quebrar a cabeça, pagar mico entrando de sala em sala, ter dor de cabeça depois de reuniões de 5 horas sem almoço e passar dias respondendo e-mail pra poder ouvir uma dessas. Digo mais: mesmo essa parte chata da coisa toda foi amenizada por saber que estava entre os bons amigos que fiz na comissão, mesmo com um bate-boca ou outro.

O que mais me alegra de estar aqui hoje, além de ter uma visão de que a faculdade acabou,- e que por isso podemos ir para celas especiais antes do julgamento -, por mais que a gente goste dela e o suspense vai até o diploma chegar, é ver todo mundo junto. Acho que é a primeira vez, aliás, que conseguimos colocar todos os formandos juntos, e olha que é sábado de manhã. E ver esse pessoal todo me faz ver, finalmente, uma turma de formandos, que lutou por anos até chegar aqui. “Lutou”, porque pegar ônibus lotado, encarar sala entupida de gente sem ventilação, livro que fazia a gente espirrar de tão antigo, encarar fila no xérox, fila na Seção de Alunos e agora há pouco fila até pra beca, não são coisas pra qualquer um. Mas, estamos aqui, e por isso eu dou os parabéns para todos nós, porque passamos por cima de muita coisa, começando talvez até em casa, e seguindo pela sociedade e pelo mercado, mas eu não vou entrar num discurso que seria rotulado como algo “típico da FFLCH”. O fato é que chegamos aqui graças, em grande parte, a essas pessoas, em especial a todos aqueles que compartilharam da mesma via crucis.

Gostaria de fechar com uma citação. Tentei fugir do lugar comum de achar algum escritor, como se espera da nossa faculdade, mas mesmo assim foi difícil, então acabei por seguir à risca minha sina de Letras: fecho com um escritor, Albert Camus, argelino ganhador do prêmio Nobel. Cai como uma luva e vocês, colegas, amigos, saibam que eu as digo com sinceridade, pois ela reflete muito bem aquilo por que passamos. Diz ele:

“Não caminhe na minha frente, eu não posso seguir. Não caminhe atrás de mim, eu não posso conduzir. Apenas caminhe ao meu lado, e seja meu amigo”.

Espero que eu tenha sido para vocês o que eu sei que vocês foram pra mim, e por isso eu os agradeço de coração, com a esperança de ainda possamos caminhar juntos bastante.

Obrigado.

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

Eternal Sunshine of the Spotless Mind

Se tem filmes que te dão um "soco", esse leva a nocaute; é com certeza o filme-fábula mais triste e mais bonito que já vi. Às vezes ter a chance de almoçar em casa, ter o DVD e poder rever uma coisa assim compensa ficar em casa no carnaval, ter que pagar uma paulada no cartão e gostar de ver filmes sozinho. E o melhor de tudo é ver o que vem depois disso, já que as últimas cenas, do corredor e da praia, são de uma simplicidade e de uma beleza quase incomparáveis.

* * *

Joel: [In the house on the beach] I really should go! I've gotta catch my ride.
Clementine: So go.
Joel: I did. I thought maybe you were a nut... but you were exciting.
Clementine: I wish you had stayed.
Joel: I wish I had stayed too. NOW I wish I had stayed. I wish I had done a lot of things. I wish I had... I wish I had stayed. I do.
Clementine: Well I came back downstairs and you were gone!
Joel: I walked out, I walked out the door!
Clementine: Why?
Joel: I don't know. I felt like I was a scared little kid, I was like... it was above my head, I don't know.
Clementine: You were scared?
Joel: Yeah. I thought you knew that about me. I ran back to the bonfire, trying to outrun my humiliation, I think.
Clementine: Was it something I said?
Joel: Yeah, you said "so go." With such disdain, you know?
Clementine: Oh, I'm sorry.
Joel: It's okay.
[Running Out]
Clementine: Joely? What if you stayed this time?
Joel: I walked out the door. There's no memory left.
Clementine: Come back and make up a good-bye at least. Let's pretend we had one.
[Joel comes back]
Clementine: Bye, Joel.
Joel: I love you...
Clementine: Meet me... in Montauk...

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Two Worlds

Roubado de um colega cast member de BH, essa foi a carta que a manager dele o escreveu na hora de voltar. E se você foi CM, tem mais do que o direito de se emocionar.



Months have passed and you now stand on the brink of returning to a world where you are surrounded by the paradox of everything and yet nothing being the same. In less than one week you will reluctantly give hugs and fighting the tears to say goodbye to the people who were once just names on a sheet of paper to return to the people that you hugged and fought tears to say goodbye before you left. You will leave your best friends to return to your best friends.

There have been times we have felt so helpless being hours from home, when our friends and family's needed us the most, and there are times when we know we have made the difference. You will go back to the place that you came from, back to the same things you did last semester and the semester before. You will come into town on that same familiar road, and even though it's been months, it will seem like only yesterday. As you walk in to your old bedroom, every emotion will pass through you, as you reflect on how your life has changed and the person that you have become. You suddenly realize that the things that were important to you months ago, don't seem to matter so much anymore, and the things that you hold highest now, no one will completely understand.

How long until you adjust to sleeping alone in a room again? Then you start to realize how much things have changed, and you realize the hardest part is balancing two completely different worlds that you now live in. Trying desperately to hold on to everything, while trying to figure out what you have toleave behind. In a matter of one days travel time, you will leave your world of living next door to your best friends, walking to Wallgreens and Bennigans, going to the Ale House and PI, and guest's insisting that because they have a hand stamp, they have access to everything.

You will leave your Fantasyland to face the real world.

Four days from now, you will leave. Four days from now you will take down pictures, pack up clothes. No more going next door to do nothing for hours on end. No more guests asking, "Where do I put this ticket?", "What's the point of a hand stamp?", and "Does this train come bacl here?" And for the last time, "The bathroom os outside, to the left, between City Hall and the Firehouse.". You will take your memories and dreams and put them away for now, for your return to this fairy tale world.

In just four days you will dig deep inside to find the strength and conviction, to adjust to the change, and still keep each other close and somehow and in some way you will find your place in these two worlds.

ºoº Don't cry because it is over. Smile because it happened. :)

terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

Eu gosto, mas...

...dá uma vergonha!

Sim, todo mundo tem aquela música que ama, sabe cantar inteirinha, talvez até uma coreografia, mas NUNCA admite em público, ou simplesmente se cala diante dos comentários. Ainda mais se o sujeito é (sou?) daqueles que gosta de rock, seja qual for a vertente, porque aí rola toda uma imagem que tem de ser mantida. E não tem que ser poser dos tempos do hard rock (vulgo "metal farofa"), com cabelão e jaqueta de couro, além de uma coisa de macho à Dee Snider (Twisted Sister), ou mesmo os pessoal do Kiss, que já traçou milhares de mulheres. Até quem se emociona com Belle & Sebastian tem dessas.

E o que há de errado? Nada! A gente pode, sim, amar ouvir AC/DC e se emocionar com as letras rasgadas do Thom Yorke, suspirar ouvindo músicas sobre o amor ou mesmo se revoltar contra o sistema embalado por Dead Kennedys, mas sempre temos nossos "pecados" musicais. Eu tenho, tu tens, nós temos. Faço aqui um Top 5 mais do que merecido: "Músicas Que Ouço, Mas Tenho Vergonha".

1. Reginaldo Rossi - "Garçom"
2. Spice Girls - "Say You'll Be There"
3. Leandro & Leonardo - "Um Sonhador"
4. Fábio Jr. - "Só Você"
5. Bryan Adams - "Have You Ever Really Loved a Woman?"

Sem explicações, porque ficaria longo. E daí que o Bryan Adams tem a primeira música que eu consegui ouvir e tirar a letra? Não tem problema. O fato é que eu gosto, canto, tenho vergonha, mas admito.

E aí, você tem vergonha de quê?

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

Quem lê, viaja!

O engraçado de escrever um blog é que, depois de ver tantos casos de sucesso por aí na internet, você não deixa de ter uma certa esperançazinha de que pessoas leiam o que você escreve, e comentem, de preferência. Não de comentários do tipo "Ai, amigo, adorei!", mas mostrando que tenham lido. Quando eu tinha um flog era mais ou menos isso, mas lá ainda tem as fotos pra atrapalhar.

Só que o mais recorrente é que ninguém nem lê, a menos que seu post tenha 5 linhas. As pessoas sofrem de um mal que me desanima, porque é coisa séria: preguiça de ler. Pura e simplesmente isso. E não estamos falando de livros com mais de 500 páginas, como obras-primas como Grande Sertão: Veredas (624 páginas, na minha edição), mas de ler, coisa mais simples do mundo. E o que me assusta é como os meios de comunicação, ao invés de lutarem contra isso, cada vez mais se curvam a essa tendência sem vergonha. A Super Interessante, por exemplo, não tem reportagens com textos que dariam, sem os gráficos e imagens, mais que 5 páginas. Triste.

Achei um poema sem querer na net, de um aluno português de 14 anos, João André Soares. Não vou colocar tudo aqui, mas o verso final resume bem uma coisa: "Afinal, o livro é um amigo... o amigo...". Sempre disse que vejo meus livros como amigos meus, que por vez ou outra tenho o prazer de reencontrar, seja rapidamente, seja por um longo tempo. E ele está sempre lá, pronto pra te acompanhar, te entreter, te fazer pensar, rir, chorar. Como alguém pode ter preguiça disso? Talvez a culpa não seja da TV, nem do orkut, por mais que nós passemos mais tempo com eles do que com um monte de papel, mas de nós mesmos, e dos pais que não incentivam seus filhos, seja dando um livro ou dando um exemplo.

Uma vez, assistindo a Seinfeld, o Jerry me solta uma sobre as pessoas e seus livros, que ele não entende por que os queremos depois de lidos, como se fossem algum tipo de troféu na parede. Eu gosto pacas do seriado, ams isso foi uma besteira sem tamanho. E uso meu exemplo pessoal, meu "melhor amigo". Quem nunca leu, tem que ler. Quem já leu, precisa ler de novo. E isso vem de quem o fez 4 vezes, e uma delas em inglês. A mágica nunca o deixou, e cada vez se mostra de forma diferente, como se mostrou para minha mãe, se mostrou para minha prima e para uma aluna minha. Todos lemos a mesma edição. Me despeço deixando vocês (?) com ele, se é que alguém ainda está aqui, lendo até o fim.