sábado, 22 de março de 2008

It's over, Johnny. It's over!

ANTES DE LER O RESTO: tenha em mente que esse post é um spoiler de Rambo IV. Sim, dá pra ser, mas não é só isso, juro.

* * *

John J. Rambo: Live for nothing... Or die for something... Your call.

* * *

Depois de séculos, finalmente fui ao cinema ver o novo filme do Stallone. Na verdade, o "novo" velho filme, porque a esse Rambo IV não tem nada de novo - nem mesmo titio Stalla pagando de novinho ou tentando revivier um de seus antigos personagens, como Rocky Balboa já tinha mostrado ano passado. Mas, se você for assistir pensando que é um filme de ação pra divertir sem maiores pretensões, ele cumpre seu papel, e até que bem.

Mas daí eu confesso que voltei pra casa pensando nos outros filmes da série Rambo, e na relação deles com esse novo. Será que eu não consigo MESMO ver um filme sem pensar em algo de mais complexo? Saco.

Mas, enfim... voltando ao primeiro filme da série (que em inglês nem mesmo se chama Rambo, mas sim First Blood), é gozado ver como John Rambo naquele filme mais é um homem perturbado, que é provocado na hora errada e do jeito errado, e isso leva a algumas mortes e a um posto de gasolina explodindo. Mas nem de longe o personagem é um herói de guerra, uma máquina de matar como ele viria a ser mostrado depois; tanto que por mais que o Marcão, por exemplo, fizesse piada com os diálogos do filme, eles eram infinitamente mais bem construídos do que qualquer fala que eu vi hoje - tanto que a epígrafe aqui em cima é de certo a fala mais "inteligente" ou profunda do filme. Sem contar que uma fala do tipo "Fuck the world!" é o que a gente vê de mais atormentado no Rambo. Tanto que o nível de violência nos filmes, independente de estarmos falando de 1982 e 2008, é incrivelmente distante porque, ainda que eu não os detalhes tão frescos na cabeça do primeiro filme, lembro que o que ele fazia era mais uma consequência do que era feito pra ele, e agora o bicho virou simplesmente uma máquina de matar (236 mortes) que consegue arrancar o pomo de Adão de alguém na raça e tem um facão que tira cabeças e tripas.

Depois veio Rambo II, que já mostra a máquina de matar. Claro, dá pra pensar que o filme tem um lado de mostrar legal como um soldado pode ser usado pelo Governo pra fazer o serviço sujo, mas ainda assim é basicamente um filme de ação, com o sujeito tirando do apoio do helicóptero uma metralhadora que faria o braço de qualquer um se deslocar. Mas o filme é legal, mesmo! Sem contar que o Rambo se dá bem, dando uns beijos na mocinha espiã do filme, pra ela morrer logo em seguida. E entram os russos em cena! Qual fã de ação esquece a tortura na cama elétrica, ou mesmo o corte com a faca em brasa no rosto dele? A faixinha vermelha, pela primeira vez, sendo amarrada na testa na hora do pega-pra-capá? O gritinho dele destruindo o acampamento do exército no helicóptero e a perseguição que vem logo depois, pra acabar com o tiro de bazuca, são simplesmente fenomenais, extramente bem feitas. E, de novo, estamos falando de um filme de ação. Ponto.

(ah, e a faixinha rolava em todo santo episódio do desenho animado, uma das coisas mais mal feitas que eu já vi na vida)

Na hora de falar sobre Rambo III me sinto suspeito, porque eu simplesmente A-DO-RO esse filme, fato. Dublado ou legendado. Com o Omar Shariff fazendo o velho árabe sábio (o Masoud). Aquela ladainha no começo do filme com as lutas na Tailândia e com os monges. Afinal de contas, ele usa pólvora pra curar um ferimento - acho que a coisa mais de macho que já vi num filme -, entra num jogo estranho (chamado buzkashi)com cavalos e um carneiro morto pra ganhar e dá conta praticamente de um batalhão de russos malvados, derrubando dois helicópteros com uma metralhadora e com um arco-e-flecha. Fora isso, o general russo Zaysen é o melhor dos filmes, com o arzinho de ironia constante no rosto dele e ainda assim conseguindo passar a impressão de que ele seria capaz de te capar com um cortador de unha sem expressar nada. Daí tem a cena final, que começa com uma frase irônica vinda do Rambo fantástica ao ver um exército vindo pra cima, enquanto ele e o Coronel estão em cavalos. Vai assim:

C. Trautman: What do we do?
Rambo: Well, surrounding them's out of the question...

Tudo bem, empolguei. Mas é um bom filme de ação, simples assim. Violento, com ritmo de non-stop e que é bem feito. Tem o melhor absurdo de filme de guerra, que é uma batida de frente de um tanque e um helicóptero, e ainda assim todo um tom irônico se pensarmos que à época (1988) os afegãos eram os coitados oprimidos pelos soviéticos comunistas comedores de criancinhas, e em 2001 eles viriam a ser os fucking terroristas que jogaram os aviões nas torres e no Pentágono, chocando o mundo. Essa arte, hein?

Agora, finalmente chegando a Rambo IV... fica meio decepcionante. A começar que a tal Birmânia chama-se Miamar hoje em dia, mas as cenas de guerra civil e de como os soldados são com as pessoas são, infelizmente, bastante realistas. Os americanos bobinhos e bem intencionados estão lá, tem a figura de um comandante do mal (dessa vez um major pedófilo, acho eu) que tem uns óculos bem bacanas, por sinal, mas nada de russos, ou mesmo do drama do primeiro filme. Ficou longe disso, na verdade, e ainda assim algumas mudanças vieram bem. Não tem helicóptero, e os vilões do filme não falam um A de inglês, então fica sem aquela lenga-lenga de dar explicações do porquê do que fazem - como se houvesse justificativa, e não tem um beijo sequer! Sim, é incrível! Ainda que tenha vários outros clichês e frases prontas, não tem esse! Claro que há um ar todo mítico em volta da figura do próprio Stallone (que bancou a coisa toda, e ainda dirigiu o filme) e do Rambo, porque quem vai ver e tem mais de 24 anos vai sentir aquela coisinha nostálgica de quando via outros filmes, e é aí que o filme perde pontos, não pela sua qualidade isoladamente. O filme não tem aqueles típicos dois ataques, um dando errado (geralmente quando o Rambo é preso e torturado, nem que seja um pouco) e o outro dando certo, pra ele sair gritando e metralhando - é um só, bem discreto, pra um desfecho sangrento, em que a arma em si faz mais diferença do que ele. Aliás, ele inspira até um pacifista a matar a pedradas, mas quem nunca teve esse instinto? A cena final, do tipo "I'm coming home" é muito clichê, do pior, porque é ligada diretamente a um diálogo péssimo com a Sarah "eu toco o coração do bruto" Miller, mas curiosamente lembra e MUITO a abertura do primeiro filme... até mesmo o cabelo dele!

É um filme de ação ao melhor estilo "tiros, mortes e sangue", e no meio de tanta coisa visualmente mais bonita hoje em dia não faz feio não. Mas deixa claro uma coisa: Rambo já deu. Esse filme diverte e é pra ser visto no cinema ou em casa com um aparelho legal, é isso, mas tá na hora de dar ouvidos ao Coronel Trautman quando ele diz que acabou, e deixar por isso mesmo.

* * *
Minha memória é boa, mas nem de longe tanto assim. O IMDB (www.imdb.com) me ajudou, e esse post de certa forma é pro Sandro.

quarta-feira, 19 de março de 2008

Alter-Ego?






Which Disney Character is your Alter Ego?
created with QuizFarm.com
You scored as Goofy

Your alter ego is Goofy! You are fun and great to be around, and you are always willing to help others. You arn't worried about embarrassing yourself, so you are one who is more willing to try new things.


Goofy


81%

Ariel


81%

The Beast


69%

Peter Pan


69%

Donald Duck


69%

Sleeping Beauty


63%

Snow White


50%

Pinocchio


44%

Cinderella


38%

Cruella De Ville


25%




* * *

E aí, vai fazer? Aproveita e posta nos comentários. Have a magical day!

segunda-feira, 17 de março de 2008

St. Patrick's Day

"Now some men take delight in the drinking and the roving,
But others take delight in the gambling and the smoking.
But I take delight in the juice of the barley,
And courting pretty fair maids in the morning bright and early"

- a irlandesíssima "Whiskey In The Jar".

* * *

Esse ano o "feriado" foi movido para o sábado, dia 15, pois a Igreja Católica não quis que um dia regado a Guinness caísse na semana santa. Faz sentido, até porque é a data mais importante do calendário cristão - se você não sabia disso, sabe agora. Sim, até mais importante do que o Natal.

O fato é que eu tenho saudade de Dublin, e vou tomar Guinness hoje. Afinal, é pro santo! E quem sabe logo mais não passo um dia desses por lá mesmo, hein? Not bad, not bad at all.

Sláinte
!

domingo, 9 de março de 2008

Ai, que burrico!

"A ignorância é a condição necessária da felicidade dos homens"

Anatole France, em Os Deuses Têm Sede

* * *

Essa frase me faz pensar em como às vezes eu queria ser burro. Burro mesmo, não ingênuo ou qualquer coisa do tipo. Faltar inteligência.

Veja bem, não estou dizendo que sou superdotado ou alguma coisa assim, mas não nego que sou inteligente - um lampejo de auto-estima que me vem. Claro que não lembro nada de matemática, provas de lógica me tomam tempo e não sou, de longe, um Einstein. Mas, ainda assim, pessoas costumam dizer que eu sou inteligente e eu mesmo nunca fiquei na mão na hora que precisei usar a massa cinzenta... ou quase. Pelo menos, se não foi na hora, eu aprendi alguma coisa. E ando vendo que as sinapses pra relacionamentos - dos outros, é claro - andam bem rápidas.

Apesar de terem me chamado de "americanizado" em termos de filmes, de gostar muito de coisas mainstream, sempre gostei de coisas que me fazem pensar, refletir, chocassem, fossem de onde fossem... tudo bem que eu sou meio preguiçoso pra procurar filmes além do que a gente vê por aí, mas se alguém recomenda eu assisto de bom grado, tanto que tenho a "listinha" de uns 200 e poucos filmes pra ver. Música - aí não falta preguiça, na real - é mais ou menos a mesma coisa, e livros então nem se fala. Falar que gosta de Paulo Coelho perto de mim é meio um "Ugh!" na cara automático, ou mesmo tem uns livros que são legais e as pessoas vêm me falar como são bons - e pra mim tem uma diferença grande nisso.

Não consigo de deixar de associar nível crítico a inteligência. Claro que isso varia, tem muita gente inteligente que eu conheço que consegue ser mais de boa, relevar mais coisas... mas eu, não. Me irrito profundamente com novela, por ser uma merda maniqueísta que fica óbvia depois que você leu A Moreninha e Senhora, e filmes que são completamente previsíveis me deixam inquieto, no pior sentido da coisa. Fulo, até. Mas filmes passam do limite. Eu passo os filmes apontando defeitos, xingando coisas e no fim das contas me dá uma sensação de "Que merda, fui ver isso?" que me persegue. E um monte de gente dizendo "Que filme bom!" ou algo do tipo.

Às vezes me dá vontade de sentar, ver qualquer porcaria do Michael Bay e falar que é o melhor filme que vi no ano, que filmes com roteiro previsível do tipo "Michael Douglas é um homem atormentado, mas é acusado de um crime/uma conspiração, salva o dia e no fim prova sua inocência, ficando com a família" é um PUTA filme, que aqueles filmes de terror com adolescentes são bons pra caramba. De não ficar vendo erros, de sentar e curtir, aproveitar a deixa da Marta e sentar, relaxar e gozar. Parece que gente que faz isso é tão mais feliz às vezes que dá inveja.

Vontade de ler uma porcaria qualquer, igual a tantas outras coisas, e falar que o livro é muito bom. Tipo, ler O Código Da Vinci e achar que é espetacular, melhor livro que li em anos e acreditar em cada palavra sobre Maria Madalena, em vez de apontar clichês e mais clichês, como ele é feito para leitor preguiçoso, se apóia em assuntos controversos que vendem - sem tirar o mérito descritivo do Dan Brown. Ou qualquer outro best seller que vai no bonde de livros que de fato são bons e é uma coisa meio angariadora de fundos. Parece que tem gente que fica feliz com isso, e não quer nada mais que isso.

Vontade de conseguir conversar sobre Big Brother e ficar horas no assunto, ao invés de pensar que aquilo é o retrato do zoológico humano, de pessoas se rebaixando por dinheiro, de ver como o espectador claramente adora intriga, fuxico, torcer contra as pessoas mesmo e até dizer que odeia alguém que nunca viu na vida. Pra que falar sobre como tem coisa errada, como resolver alguns problemas, quando dá pra comentar o Paredão? E fazer isso com sorriso, não ser taxado de chato, ou crica.

Não estou, em hipótese alguma, dizendo que todo mundo que vê Big Brother é burro, ou mesmo que ver essas coisas te tornam um completo idiota, longe disso. É só saber o que é visto, que tem coisas pra entretenimento e coisas boas são outros 500. Mas é conseguir fazer todas essas coisas, e não ficar sendo chato, usando a cabeça pra ver como poderia ser bom, ainda que seja instintivo... a coisa ficou confusa, eu sei. Não consegui me expressar bem, mas é ser burro às vezes, e isso é bom.

Por favor, que ninguém se ofenda. Não usei exemplos pontuais, então não precisa vir ofendido achando que é "recadinho". Seja burro e não entenda.


* * *

UPDATE

Acho que, no fim das contas, eu me toquei... não é ser "burro", mas eu queria ter um momento de burrice - que não faz mal a ninguém!! - e poder curtir as coisas mais tranquilo.