sábado, 28 de abril de 2007

Quero um amor para as estações frias [2]

No esforço da guerra,
tiro para todos os lados,
simpatia e falas forçadas,
meu Deus, e, até agora, nada.

Uma eu já comi,
outra eu já peguei;
outras sempre quise o que sobrou eu já chutei.

Mas pooorra!...
Agora, agooora,no frio cadente do outono,
ninguém pra me dar bola?
Aaaahhh...
Pra dar bola tem de sobra,
mas no fim da história, quem sobra sou eu.
Ado, ado, ado, vai tomá no cu.


Por Daniel, em homenagem a todas as Paolas

sexta-feira, 20 de abril de 2007

70 Dias

Podem sonhos ter contagem regressiva para serem realizados?

"And he still gives his love, he just gives it away
The love he receives is the love that is saved
And sometimes is seen a strange spot in the sky
A human being that was given to fly"


terça-feira, 10 de abril de 2007

Braço Universal

Há temas que são ditos universais, como o amor ou mesmo a vingança, e sempre que se pensa nisso - ao menos em termos de literatura -, o nome de Shakespeare (vulgo 'Bill') é o que vem à cabeça de qualquer um. Afinal de contas, o que Romeu e Julieta tinham é algo que qualquer casal vai ter, igualzinho, hoje em dia, ou a vingança do mouro Otelo é também bem parecida com a de qualquer marido que se considere traído. Mas há quem discorde, pois amor é amor, sim, mas as circunstâncias, "tipos", variantes e afins fazem com que esse papo de universal meio que caia por terra. Vingança, por exemplo, é aceita em algumas culturas, não é bem vista em outras, normal. Podemos pensar em conceitos de beleza, e aí sim as diferenças saltam aos olhos. Magrelas ou gordinhas, homem peludo ou liso, bombado ou magrelo, peito ou bunda...

O que seria, então, uma coisa universal? Esse fim de semana tive um insight, pois o fato se repetiu algumas vezes, e junto com inúmeras vezes que presenciei tal coisa, me veio uma das respostas. Claro que você pode discordar, soltar um "Ah, comigo não tem isso", mas só está desculpado pessoas que são assumidamente braço (ou navalha, barbeiro, como quiser) ou aquelas que não tem habilitação. O fato é que ninguém suporta palpite quando estamos dirigindo. Não dá. Palpite (não confundir com conselhos) já é uma coisa chata - meninos hão de se lembrar de seus dias de fliperama com um chato que sabia jogar do lado - e quando se trata de carro fica pior ainda. "Abaixa o farol", "vai mais devagar", "pra que meter o pé no frio assim?", "muda de faixa" e afins, sendo que muitas vezes não estamos fazendo nada de mais MESMO (apesar de que o lance da velocidade e álcool misturado com volante são coisas sérias, e aí os tais palpites são mais do que bem-vindos; são necessários).

Quando nosso chefe nos dá uma carcada, mostrando claramente que fizemos uma cagada, tudo bem. A gente ouve, aprende e, por mais que fique com um pouco de raiva ou ressentido por ter tido nossa atenção chamada, dá até uma sensação de "que bom, agora eu entendi o que eu preciso fazer". No geral temos isso de aprender coisas novas, mas a direção tem um poder incrível, que me faz lembrar de um desenho da Disney, antigo, em que um sujeito comum e tranquilo se tornava um animal quando sentava atrás do volante, era engraçado.... uma coisa meio que de liberar o animalzinho que há dentro de nós. Mais ou menos como o Edmundo fazia nos anos 90 em campo, distribuindo porrada, ou alguns homens fazem no meio de uma briga generalizada (e dá pra não pensar em futebol?). Mesmo que a gente dê uma fechada, é CLARO que foi o filho da puta que vinha atrás que não viu que a gente ia virar, e pára de me encher que eu sei dirigir, cacete! É como se fosse uma arte milenar e cada um de nós tem suas técnicas, que só precisam de ser aparadas logo no começo, então até completar 1 ano de carteira, o passageiro tem o direito de falar.

Os pais são a pior parte, porque muitas vezes eles nos ensinam a dirigir, muito obrigado. Daí você começa, eles miguelam o carro, mas vão liberando, começando por ir buscar a avó pra ir à missa, ou compras no supermercado - nada de balada. Daí o tempo passa, você pega prática, compra o carro, paga o bendito IPVA, renova a CNH... mas eles ainda falam com você como se tivesse começado ontem. Não que sejamos pilotos profissionais, mas tem coisa que não dá, que nem o tal do "pé pesado" (ir a 60 km/h na Faria Lima é correr, claro) ou mesmo a cabeça na frente do espelho retrovisor, porque quem tem que ver não é você, ao dirigir, mas seu pai sentado no banco passageiro - claro que segurando o famoso puta que pariu, porque você não tem carta de habilitação, parece ter porte de arma.

A verdade é praticamente TODO MUNDO fica puto da vida com palpites no volante. E se for dos pais, mais ainda. Mas o negócio é simples: chegar pra mãe, por exemplo, na cozinha, e começar com uns "Abaixa o fogo" ou "Troca de boca no fogão, hein?", ou pai fazendo o IR, começa com "Colocou a poupança?" ou "Declarou o carro?". É tiro e queda, porque se ela falar "Quem tá cozinhando?", você vai ter uma resposta pra quando estiver dirigindo.

Ou então dá um jeito de eles dormirem. Não é tão fácil, mas é ótimo.