sexta-feira, 26 de junho de 2009

Today's Fortune

"We don't need no education
We don't need no thought control
No dark sarcasm in the classroom
Teacher leave them kids alone
Hey! Teacher! Leave them kids alone!"

-- com o maior prazer do mundo hoje eu atendo ao que o Pink Floyd e as criancinhas inglesas medonhas do clipe pedem em Another Brick in the Wall (pt.2).

* * *

Hoje o orkut me disse pra "Get happiness out of your work or you may never know what happiness is". Isso é meio que a minha "sorte" de hoje, sei lá como isso fica em português.

E hoje eu sou obrigado a dar o braço a torcer, ele acertou na mosca, apesar da filhadaputice (existe isso?) sem tamanho que eu vi acontecer com uma das pessoas mais dedicadas daquela merda - ainda vai ter troco. Mas eu troco uma palavra, 'get', por 'find'. Não quero saber de tirar satisfação do meu trabalho, mas sim encontrar a felicidade fora dele. Bem longe, no NE. Em casa, em Poços e na chance de acordar três dias por semana e pensar que eu não vou ter que ir pro Rena. Ou seja: acordar sorrindo.

Que venham as férias escolares, as últimas que eu pretendo ter profissionalmente. Até o fim de julho, moré!

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Segredinhos

"And I said, Let me tell you a secret, about a father's love
A secret that my daddy said was just between us
I said daddies don't just love their children every now and then
It's a love without end, amen, it's a love without end, amen"

-- hoje cedo Love Without End, Amen do George Strait tocou aqui em casa, mas ninguém ouviu. Acho que só eu.

* * *

Ele não é muito bem humorado; na verdade, tem variações de humor de deixar perplexo. Não tem muita paciência com algumas coisas, mas tem toda a do mundo com outras para que eu não tenho. Fuma e tosse, mas se recusa a admitir a conexão entre um e outro, igual aos roncos que não o são. Dorme demais, talvez por querer fugir. Esquece de colocar dedicatória nos livros que me dá. Não tem muitos amigos, nem gosta muito de sair de casa, nem de viajar. Gosta de ver filme dublado, e fala que algumas comédias são "bonitas", o que me deixa intrigado quanto ao que isso quer realmente dizer. Lê livros espíritas, policiais, mas se recusa a encarar uma das minhas indicações. Dá exemplos que não têm nada a ver com a discussão, e às vezes simplesmente não ouve o que eu falo, quando não me contradiz dizendo exatamente a mesma coisa que eu. Tem mania de teimar em assuntos óbvios, acho que pra manter a conversa, ou vem conversar demais quando eu ainda estou entorpecido de sono de manhã.

Por outro lado, ele tem um coração de ouro. Nunca se recusa a ajudar a alguém, seja quem for, e acho que os colegas de serviço dele já perceberam isso faz tempo - afinal, quem mais ganha um ovo de chocolate de 2 kg da Kopenhagen de Páscoa? Prova de tudo que eu cozinho e diz que está gostoso, até o macarrão quando eu queimei o alho e o frango na cerveja, horrível. Me espera deitado no sofá da sala pra tomarmos sopa, ou às vezes vai deitar, mas deixa suco ou cachorro quente pra mim, bem no dia que eu estou com desejo de comer. Segura as pontas com as contas de casa, e não reclama disso. Dá uma risada gostosa que, embora rara, vale cada segundo quando eu a ouço. Ficou dormindo na sala, num frio do cão, só pra me fazer companhia quando eu precisei varar a madrugada fazendo um trabalho que valeu uma camisa preta bonita pra mim e uma noite mal dormida pra ele. Não leva pro sebo um livro de que nem gostou tanto só porque tem uma dedicatória minha. Deixa a luz do corredor acesa pra me ajudar a acordar, ou liga quando eu peço. Corre pra Poços quando minha mãe precisa de uma força, e aguenta os desaforos da minha avó quieto, nem por isso deixando de fazer o que é preciso. Se arrisca na cozinha e me faz uma omelete meio estranha, mas que me salva às vezes e caiu nas graças do Salsicha. Abraça meus amigos e minha namorada, como poucos fariam no lugar dele. Vai me buscar na Marginal sempre que eu peço, mas nunca pede que eu faça o mesmo em troca. Exagera e compra alguma coisa por demais tentando agradar, e a gente tem que pedir pra parar, seja abacaxi toda semana, ou a Lance quando eu morava em MG. Me disse que um dia todos os seus livros vão ser meus, sem saber que melhor que eles foi o gosto por eles que herdei dele. Compra manga e deixa picada pro café da manhã pra "visita", sendo que eu detesto manga. Apesar de não concordar muito, aceita quando eu apareço em casa com uns gringos perdidos que nem português falam, e ainda faz canja de galinha pra eles. Tem sido pra Ana Luísa o pai que o verdadeiro se recusou a ser.

Ouviu em alto e bom tom um "Quer saber, vai tomar no seu cu!" de mim, com raiva, e ainda assim me ama.

E eu, que sou tão "melhor", mais forte, mais preparado, sou um covarde, porque dou uma flor pro meu pai na colação de grau, mas não consigo chegar pra ele e dizer o quanto eu o amo.