sexta-feira, 30 de março de 2007

Só Por Hoje

Há tempos que essa música tá martelando na minha cabeça (desde que eu a ouvi graças ao finado shuffle), mas essa semana ela é meio que merecida. E tem um verso que cai bem justamente com o post da semana passada, e outros que caem bem com os últimos meses.
E tem gente que não gosta de Legião Urbana.

* * *
"Só Por Hoje"
(Renato Russo)

Só por hoje eu não quero mais chorar
Só por hoje eu espero conseguir
Aceitar o que passou o que virá
Só por hoje vou me lembrar que sou feliz

Hoje já sei que sou tudo que preciso ser
Não preciso me desculpar e nem te convencer
O mundo é radical
Não sei onde estou indo
Só sei que não estou perdido
Aprendi a viver um dia de cada vez

Só por hoje eu não vou me machucar
Só por hoje eu não quero me esquecer
Que há algumas pouco vinte quatro horas
Quase joguei a minha vida inteira fora

Não não não não
Viver é uma dádiva fatal!
No fim das contas ninguém sai vivo daqui mas -
Vamos com calma!

Só por hoje eu não quero mais chorar
Só por hoje eu não vou me destruir
Posso até ficar triste se eu quiser
É só por hoje, ao menos isso eu aprendi

quinta-feira, 22 de março de 2007

Errata

Nas palavras do The Bravery, "it was a honest mistake", muito bem notado pela Alê. =P A frase "eterno enquanto dure" é do Vinícius de Moraes, o último verso do Soneto de Fidelidade (mas eu prefiro o de Separação):

Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Que furada, e justo eu que tanto gosto de ler! A frase do Nelson Rodrigues é "Todo amor é eterno e, se acaba, não era amor", igualmente boa e certa. Além disso, na pressa, nem falei do Wander Wildner... ó, postagem! Tanto enrolei que ainda fiz cagada. Dá nisso querer postar com sua chefe te falando pra sair que você vai se atrasar.

segunda-feira, 19 de março de 2007

Eterna enquanto dure

Ao rever "À Procura da Felicidade", filme com Will Smith e seu filho Jaden, me lembrei de um post que queria ter feito há algum tempo, logo que li o blog de uma amiga. Não é bem uma resposta, mas até que pode servir como, apesar de o post dela ser muito bom e não precisar muito de algo assim. Além disso, foi uma coisa que um professor meu falou na faculdade que me ficou na cabeça, bem bom mesmo!


No filme, Chris Gardner diz se referindo a Thomas Jefferson e à Declaração de Independência dos EUA, que "Maybe happiness is something that we can only pursue. And maybe we can actually never have it no matter what.", pois lá está escrito que "Consideramos estas verdades como evidentes por si mesmas, que todos os homens foram criados iguais, foram dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, que entre estes estão a vida, a liberdade e a busca da felicidade". Chega a ser interessante o ponto de vista dele, porque hoje em dia parece que ser feliz é mais do que um direito que temos, é uma obrigação, e ai de quem não conseguir, hein? Tudo gira em torno de ser feliz e, talvez tão importante quanto isso, temos que mostrar isso, sempre com um sorriso na cara, nunca triste.

Pois é, nesse ponto que minha amiga falou uma coisa boa. Assim como nós não podemos ser dignos de compaixão, pena mesmo, já que isso faria com que as outras pessoas ficassem down por nossa causa, ficar triste é um absurdo, espanta pessoas melhor do que peido de véio ou chato quando chega na roda. O negócio é estar bem sempre, rodeado de pessoas felizes. Assim, aliás, fica fácil: estar com amigos quando se está bem é tranquilo, até porque muitos desses são muy amigos. Ora, não se diz por aí que os verdadeiros amigos aparecem na hora do aperto, nas horas mais difíceis? E não são estas, geralmente, momentos de tristeza, de infelicidade? Pois é, e é justamente em momentos assim que vemos como somos felizes por termos pessoas tão especiais ao nosso redor. Então, eu pergunto: o que há de errado em nos sentirmos infelizes em alguns momentos e demonstrar isso? Isso não faz de mim ou de você alguém pior, alguém que deve ser evitado, mesmo porque é notório que pessoas crescem depois de situações como a morte de um parente, ou mesmo um coração partido.

Outra coisa que me impressiona é como a felicidade se tornou um bem material, como se fosse algo que devessemos comprar ou ter, e daí concordo com Chris quando diz que talvez não podemos ter a felicidade. Há por aí mil e um livros que tratam da "arte da felicidade", ou o seu segredo, ao mesmo tempo que temos uma mídia que nos mostra como comprar um EcoSport ou usar determinada marca de roupa é o que realmente nos faz feliz. Claro que se sentir bem ou realizar um sonho são parte da felicidade, mas o que me deixa bobo é apartamento: quem nunca viu algo do tipo "Sua felicidade em 48 prestações, sem entrada!" que vem naqueles papéis entregues em semáforo (se você for de SP, nos faróis sem mar)? E, nesse sentido, fica claro que pra se conseguir a tal felicidade, é preciso ser algo grande e caro, geralmente, até porque a CVC vende sonhos, não pacotes turísticos ou passagens aéreas. Há até quem precise fazer compras pra "aliviar" o stress, e isso traz uma felicidade instantânea. Digo isso como colecionador de CDs e ex-morador dos EUA.

Será que é tão difícil para nós vermos que para sermos felizes precisamos de pouco, e que ficarmos claramente tristes faz parte disso? Eu quero, sim, ficar cabisbaixo, triste, amuado, deprê, down, porque sei que isso me ajuda. E se você for meu amigo, vai saber ficar do meu lado e quem sabe sofrer comigo, pra ser feliz ao meu lado em outros momentos. E não quando eu comprar meu carro novo e me mudar para o Alto da Lapa, mas com as coisas simples: ler um livro, ver um bom filme, dar risada de si mesmo ou do amigo, poder tomar uma cerveja junto, dar um abraço no meu pai quando ele chega bem de viagem, dizer para uma mulher como ela está bonita e ver o sorriso que brota, deitar junto com alguém e conversar, ouvir sua avó contar uma história. Às vezes, mais simples ainda: fazer com que alguém se sinta querido através de um "Tá tudo bem com você?". Quem se lembrar de "Beleza Americana" sabe do que eu estou falando.

E vai ser breve, como diria Tom Jobim ("Felicidade tem fim/Tristeza não")? Não tem problema, porque eu sei que minha procura, bem sucedida aos trancos e barrancos (bem necessários), só acaba quando eu morrer. Que seja, então, como o amor de Nelson Rodrigues: eterna enquanto dure.

quinta-feira, 8 de março de 2007

Ah, mulheres!

Parabéns, mulheres, pelo seu dia!

Parabéns, mulheres, por viverem num mundo machista, que insiste em provar a superioridade masculina sobre vocês, das mais variadas formas, nem que seja à força, na base da violência. Um mundo que exalta o homem que é galinha, enquanto condena a mulher que faz a mesma coisa, como se o erro estivesse em nossos genes.

Parabéns, mulheres, por serem maioria em nosso mercado de trabalho (aproximadamente 55,8%), e ainda assim ganharem menos do que nós, homens, mesmo que tenhamos a mesma posição. Também por terem que se vestir muitas vezes como homens (ternos, por exemplo) ao atingirem cargos altos, coisa que homens não fariam.

Parabéns, mulheres, por serem exploradas sexualmente a partir de idades absurdas como 10 anos, por homens sem o mínimo de respeito por vocês e pelas vidas que vocês talvez deixem de gerar, decorrente da violência sexual. Por serem aliciadas como bonecas sem sentimentos, enganadas com promessas de vida melhor que só as levarão a um verdadeiro inferno na Terra. Por serem prometidas e vendidas como noivas em troca de dinheiro.

Parabéns, mulheres, por serem oprimidas por religiões e culturas machistas e patriarcais, que as proíbem de sentirem prazer, de mostrar o rosto, de se cuidarem e ressaltarem a beleza que há em vocês. Por serem oprimidas e obrigadas a servir maridos que, muitas vezes, têm várias esposas, como se vocês fossem algum troféu a se colecionar. Por terem de ser diferenciadas dos homens por serem "inferiores", seja aos olhos de Deus ou dos seus pares.

Parabéns, mulheres, por serem espancadas por homens grosseiros e ignorantes, que provam sua masculinidade castigando um ser tão delicado quanto vocês. Seres que são naturalmente lindas como flores, mas tratadas com espinhos, por homens que se aproveitam de sua força física para se impôr quando falta o diálogo, tão necessário em qualquer relação.

Parabéns, mulheres, por verem praticamente ignoradas e/ou contestadas todas as culturas e religiões antigas que as idolatravam e as colocavam como centro de uma socidade, por serem mães e genitores, provedoras de vida, de beleza e de harmonia. Por vivermos uma ideologia que planta nas pessoas os "lugares" de homens e mulheres, como caçadores e caças, por exemplo, ou que nos dita o que pode e o que não pode ser feito - sempre para vocês, já que nós podemos praticamente tudo.

Parabéns, mulheres, por terem um dia celebrado na mesma data que outras de vocês foram queimadas vivas por lutarem por direitos. Por terem um dia em que muitos de nós, homens, as tratam bem para, em seguida, voltarmos ao nosso mundo "normal", onde vocês voltam a ser o grupo que merece um dia especial.

A vocês, uma flor e a minha mais profunda admiração, que não dura 24 horas, mas 365 dias por ano. Isso vale muito mais do que um parabéns vazio e muitas vezes hipócrita, num dia no mínimo dúbio. Vocês merecem o dia 08 de março, de abril, de junho e todos os outros números de 01 a 31 que compõe nosso calendário.


sábado, 3 de março de 2007

Martin, Santoro e nós

"So I look in your direction,
But you pay me no attention,
And you know how much I need you,
But you never even seen me"


Segunda-feira agora, dia 26/02, foi um tipo de ressurreição após a via crucis e a crucificação, que atendem pelos nomes de "4 horas de fila na chuva" e "pagamento da fatura do Visa", respectivamente. O show do Coldplay, em outras palavras, 4 anos depois da primeira vinda dos caras ao Brasil. E, além de um puta show legal, ficaram várias coisas interessantes. E faltaram algumas outras também.

A idéia de cadeiras num show foi uma das coisas mais de girico que já vi. Me lembrou o show do Lenny Kravitz nos EUA, quando um senhor me pediu para sentar 2 vezes até eu delicadamente mandar ele ir tomar no cu e não me encher (em português), pulando como um louco ao som de "Are You Gonna Go My Way". E a Via Funchal é um lugar tão bom pra ficar em pé, mas não, alguém tinha que colocar aquelas cadeiras, e reduzir em mais da metade a quantidade de pessoas. Ou melhor, enxugar o coro, porque é incrível como todos cantam. E, curiosamente, Lenny Kravitz e Chris Martin são os dois melhores show men que tive o prazer de ver ao vivo, ficando pau a pau com Bono Vox e Alex Kapranos (do Franz Ferdinand). Não, eu não fui ver o Pearl Jam e tenho quase raiva de quem foi.

Mas uma das coisas mais engraçadas desse show foi mesmo a atenção da platéia. Em show meia-boca, a gente até entende, o pessoal fica meio distraído, bate papo, toma uma cerveja e tal. Mas quando entra a atração principal, ou mesmo antes dela, alguém rouba a cena, e esse alguém foi o senhor Rodrigo Santoro, devidamente acompanhado da namorada. Pessoas (especialmente) passaram metade do show gritando para o palco, metade gritando para ele, no mezanino, olhar pra baixo, dar um tchau ou algo assim, sendo que o cara estava na dele, curtindo o show e tocando sua bateria imaginária. Ainda assim, o Chris Martin lá, se esgoelando, e toda hora alguém olhava pra trás (eu olhava, mas pra ver a Marina Person, do lado dele). Algumas das meninas parecem inclusive terem tido um deleite maior quando ele saiu e conseguiram tirar uma foto do lado do bonitão. E daí que o Coldplay desceu do palco e tocou no canto, no meio da platéia?

O fim ainda reservou uma surpresa para nós, pobres mortais, nem tão talentosos e fofos como Martin, nem tão bonitões como Santoro. A platéia (e não foi a primeira vez que presenciei isso) berrou "Shiver! Shiver!" logo que a banda saiu, teoricamente encerrando o show. Logo me veio a lembrança de Rodrigo Amarante e Marcelo Camelo, do Los Hermanos, ano passado, dizendo que "queriam fazer coisas novas", quando pedimos "Pierrot". Calma lá, rapaz. Quem compra seus discos? Quem paga pelo show? Ah, vá tomar banho! Petulância, frescura, chame como for, e espero mesmo que um inglês branquelo tenha mostrado como se faz. Chris Martin e Jon Buckland, o guitarrista, voltaram para fazer uma versão improvisada e acústica, com letra errada, uma ou outra desafinada, mas voltaram, porque nunca tinham visto um pedido como aquele.

E eles nos atenderam, que passamos a ser os "donos" daquilo, completamente êxtasiados. Valeu cada centavo pago, tomar a chuva e ferrar com meu celular, e faria tudo de novo. O que eu podia dizer depois de tudo aquilo, e com o Santoro lá atrás? Chupa, Amarante, e obrigado, Martin.