sábado, 3 de março de 2007

Martin, Santoro e nós

"So I look in your direction,
But you pay me no attention,
And you know how much I need you,
But you never even seen me"


Segunda-feira agora, dia 26/02, foi um tipo de ressurreição após a via crucis e a crucificação, que atendem pelos nomes de "4 horas de fila na chuva" e "pagamento da fatura do Visa", respectivamente. O show do Coldplay, em outras palavras, 4 anos depois da primeira vinda dos caras ao Brasil. E, além de um puta show legal, ficaram várias coisas interessantes. E faltaram algumas outras também.

A idéia de cadeiras num show foi uma das coisas mais de girico que já vi. Me lembrou o show do Lenny Kravitz nos EUA, quando um senhor me pediu para sentar 2 vezes até eu delicadamente mandar ele ir tomar no cu e não me encher (em português), pulando como um louco ao som de "Are You Gonna Go My Way". E a Via Funchal é um lugar tão bom pra ficar em pé, mas não, alguém tinha que colocar aquelas cadeiras, e reduzir em mais da metade a quantidade de pessoas. Ou melhor, enxugar o coro, porque é incrível como todos cantam. E, curiosamente, Lenny Kravitz e Chris Martin são os dois melhores show men que tive o prazer de ver ao vivo, ficando pau a pau com Bono Vox e Alex Kapranos (do Franz Ferdinand). Não, eu não fui ver o Pearl Jam e tenho quase raiva de quem foi.

Mas uma das coisas mais engraçadas desse show foi mesmo a atenção da platéia. Em show meia-boca, a gente até entende, o pessoal fica meio distraído, bate papo, toma uma cerveja e tal. Mas quando entra a atração principal, ou mesmo antes dela, alguém rouba a cena, e esse alguém foi o senhor Rodrigo Santoro, devidamente acompanhado da namorada. Pessoas (especialmente) passaram metade do show gritando para o palco, metade gritando para ele, no mezanino, olhar pra baixo, dar um tchau ou algo assim, sendo que o cara estava na dele, curtindo o show e tocando sua bateria imaginária. Ainda assim, o Chris Martin lá, se esgoelando, e toda hora alguém olhava pra trás (eu olhava, mas pra ver a Marina Person, do lado dele). Algumas das meninas parecem inclusive terem tido um deleite maior quando ele saiu e conseguiram tirar uma foto do lado do bonitão. E daí que o Coldplay desceu do palco e tocou no canto, no meio da platéia?

O fim ainda reservou uma surpresa para nós, pobres mortais, nem tão talentosos e fofos como Martin, nem tão bonitões como Santoro. A platéia (e não foi a primeira vez que presenciei isso) berrou "Shiver! Shiver!" logo que a banda saiu, teoricamente encerrando o show. Logo me veio a lembrança de Rodrigo Amarante e Marcelo Camelo, do Los Hermanos, ano passado, dizendo que "queriam fazer coisas novas", quando pedimos "Pierrot". Calma lá, rapaz. Quem compra seus discos? Quem paga pelo show? Ah, vá tomar banho! Petulância, frescura, chame como for, e espero mesmo que um inglês branquelo tenha mostrado como se faz. Chris Martin e Jon Buckland, o guitarrista, voltaram para fazer uma versão improvisada e acústica, com letra errada, uma ou outra desafinada, mas voltaram, porque nunca tinham visto um pedido como aquele.

E eles nos atenderam, que passamos a ser os "donos" daquilo, completamente êxtasiados. Valeu cada centavo pago, tomar a chuva e ferrar com meu celular, e faria tudo de novo. O que eu podia dizer depois de tudo aquilo, e com o Santoro lá atrás? Chupa, Amarante, e obrigado, Martin.

2 comentários:

Ana Elisa Gusso disse...

Como eu não sou lá muito fã de Coldplay, nem de Los Hermanos, o que mais me chamou a atenção na sua história foi o Santoro. Ele já caiu muito no meu conceito ao entrar pro Lost, viver uma vida muito da sossegada no Havaí - repetindo, HAVAÍ -, e afirmar pra todo mundo que não vai continuar na série, que tem outros projetos e tal. Tipo, o sonho de 40828922761 atores era ter essa vida dele, e ele faz isso...
Anyway, mesmo assim, se eu estivesse nesse show (tipo, se eu tivesse ganhado ingresso =P), teria entrado em choque de ver ele de perto =D

Renata disse...

Bom, eu já não gosto mais de Coldplay como antes (e acho que nunca AMEI, acabei de lembrar que o Parachutes foi pra Porto Alegre, já que meu pensamento é: "se não é útil pra mim, vamos procurar alguém que queira"), mas existem aquelas bandas que mesmo eu não sendo MEGA FÃ, eu respeito, admiro os caras, sei o quanto são bons no que fazem, mas não fico ouvindo a música direto. Acho que Coldplay é um caso. E fico feliz por eles terem feito bonito dessa vez.
E Los Hermanos, você tocou justamente no ponto que não me deixa simpatizar com eles. O mesmo vale para Oasis. Não consigo gostar, são típicas bandas medíocres, no sentido literal da palavra (que em geral é considerado um adjetivo para coisas ruins - e não é bem por aí).
Rodrigo Santoro? Bom ator, mas ainda meio desperdiçado. E se você não tivesse falado nele aqui, não faria diferença pra mim. A comparação entre a postura da banda britânica e da banda brasileira de caras que se acham cultos e superiores, já foi suficiente para eu ter vontade de postar.