Ao rever "À Procura da Felicidade", filme com Will Smith e seu filho Jaden, me lembrei de um post que queria ter feito há algum tempo, logo que li o blog de uma amiga. Não é bem uma resposta, mas até que pode servir como, apesar de o post dela ser muito bom e não precisar muito de algo assim. Além disso, foi uma coisa que um professor meu falou na faculdade que me ficou na cabeça, bem bom mesmo!
No filme, Chris Gardner diz se referindo a Thomas Jefferson e à Declaração de Independência dos EUA, que "Maybe happiness is something that we can only pursue. And maybe we can actually never have it no matter what.", pois lá está escrito que "Consideramos estas verdades como evidentes por si mesmas, que todos os homens foram criados iguais, foram dotados pelo Criador de certos direitos inalienáveis, que entre estes estão a vida, a liberdade e a busca da felicidade". Chega a ser interessante o ponto de vista dele, porque hoje em dia parece que ser feliz é mais do que um direito que temos, é uma obrigação, e ai de quem não conseguir, hein? Tudo gira em torno de ser feliz e, talvez tão importante quanto isso, temos que mostrar isso, sempre com um sorriso na cara, nunca triste.
Pois é, nesse ponto que minha amiga falou uma coisa boa. Assim como nós não podemos ser dignos de compaixão, pena mesmo, já que isso faria com que as outras pessoas ficassem down por nossa causa, ficar triste é um absurdo, espanta pessoas melhor do que peido de véio ou chato quando chega na roda. O negócio é estar bem sempre, rodeado de pessoas felizes. Assim, aliás, fica fácil: estar com amigos quando se está bem é tranquilo, até porque muitos desses são muy amigos. Ora, não se diz por aí que os verdadeiros amigos aparecem na hora do aperto, nas horas mais difíceis? E não são estas, geralmente, momentos de tristeza, de infelicidade? Pois é, e é justamente em momentos assim que vemos como somos felizes por termos pessoas tão especiais ao nosso redor. Então, eu pergunto: o que há de errado em nos sentirmos infelizes em alguns momentos e demonstrar isso? Isso não faz de mim ou de você alguém pior, alguém que deve ser evitado, mesmo porque é notório que pessoas crescem depois de situações como a morte de um parente, ou mesmo um coração partido.
Outra coisa que me impressiona é como a felicidade se tornou um bem material, como se fosse algo que devessemos comprar ou ter, e daí concordo com Chris quando diz que talvez não podemos ter a felicidade. Há por aí mil e um livros que tratam da "arte da felicidade", ou o seu segredo, ao mesmo tempo que temos uma mídia que nos mostra como comprar um EcoSport ou usar determinada marca de roupa é o que realmente nos faz feliz. Claro que se sentir bem ou realizar um sonho são parte da felicidade, mas o que me deixa bobo é apartamento: quem nunca viu algo do tipo "Sua felicidade em 48 prestações, sem entrada!" que vem naqueles papéis entregues em semáforo (se você for de SP, nos faróis sem mar)? E, nesse sentido, fica claro que pra se conseguir a tal felicidade, é preciso ser algo grande e caro, geralmente, até porque a CVC vende sonhos, não pacotes turísticos ou passagens aéreas. Há até quem precise fazer compras pra "aliviar" o stress, e isso traz uma felicidade instantânea. Digo isso como colecionador de CDs e ex-morador dos EUA.
Será que é tão difícil para nós vermos que para sermos felizes precisamos de pouco, e que ficarmos claramente tristes faz parte disso? Eu quero, sim, ficar cabisbaixo, triste, amuado, deprê, down, porque sei que isso me ajuda. E se você for meu amigo, vai saber ficar do meu lado e quem sabe sofrer comigo, pra ser feliz ao meu lado em outros momentos. E não quando eu comprar meu carro novo e me mudar para o Alto da Lapa, mas com as coisas simples: ler um livro, ver um bom filme, dar risada de si mesmo ou do amigo, poder tomar uma cerveja junto, dar um abraço no meu pai quando ele chega bem de viagem, dizer para uma mulher como ela está bonita e ver o sorriso que brota, deitar junto com alguém e conversar, ouvir sua avó contar uma história. Às vezes, mais simples ainda: fazer com que alguém se sinta querido através de um "Tá tudo bem com você?". Quem se lembrar de "Beleza Americana" sabe do que eu estou falando.
E vai ser breve, como diria Tom Jobim ("Felicidade tem fim/Tristeza não")? Não tem problema,
porque eu sei que minha procura, bem sucedida
aos trancos e barrancos (bem necessários), só acaba quando eu morrer. Que seja, então, como o amor de Nelson Rodrigues: eterna enquanto dure.