quarta-feira, 23 de abril de 2008

Ô, c******!

"Don't get me wrong
If I'm acting so distracted"

-- não é tão fácil assim, não. Don't Get Me Wrong, dos The Pretenders. A Chrissie Hynde tem um apartamento no Copam, sabia?

* * *

A Haddad me dizia que, por um dia só, ela queria ser alcóolatra, só pra ter aquela tremedeira e tudo mais, passar mal mesmo por não ter cachaça. Sentir na pele o que é perder o controle sobre a coisa, tomar um copo e não conseguir parar mais. Eu já tive vontade de ter outra coisa, por um dia só. Ou por alguns dias, alternados de preferência. A Síndrome de Tourette.

"Síndrome de Tourette é uma desordem neurológica ou neuroquímica caracterizada por tiques involuntários, reações rápidas, movimentos repentinos (espasmos) ou vocalizaçõesque ocorrem repetidamente da mesma maneira. (...) A cropalia enquandra aqueles indivíduos que, além de outros sintomas de Tourette, se vêem obrigados a repetir palavras obscenas e/ou insultos. Obviamente as conseqüências desse tipo de comportamento geralmente se traduzem em diferentes graus de desvantagens no âmbito social."

Quem já assistiu a "Gigolô Por Acidente" (Deuce Bigolow: Male Gigolow) deve se lembrar da loirinha do primeiro filme que não conseguia se controlar de soltar palavrões, até que ele a leva a um jogo de baseball, onde ela puxa a torcida junto com ela. Não que um jogo do Timão precise de alguém assim, porque nós já fazemos barulho o bastante, mas e na sala de aula, a vontade que não anda me dando de ter um ataque desses? Ah, se eu pudesse...

Mas não é de hoje que eu uso e abuso das minhas "vocalizações", não mesmo. Sempre gostei de falar palavrão, acho que um bem colocado numa frase é praticamente insubstituível, não importa o quanto minha mãe tente me convencer do contrário, ou minha chefe fique horrorizada quando eu pergunto algo como "Onde fica essa porra?" quando ela me fala de uma casa de aluno que fica, na boa, na casa do caralho. Pode não ser exatamente demonstração de finesse e elegância, mas é uma ótima válvula de escape, sem a menor sombra de dúvidas. Exemplo disso é que, com ou sem Síndrome, ver jogo pra mim é motivo pra desfilar palavras de baixo calão. E a Marina, amiga minha, escreveu um poema que diz exatamente o que eles significam pra mim, às vezes - nada, são palavras. Diz ela: "Que mal tão grande pode fazer/Se é sempre dito em vão?". Minha avó tentou me convencer de que era pecado, mas até que ela me mostre na Bíblia onde Jesus diz isso e faz sua listinha, eu vou continuar usando, quando possível.

Às vezes até mesmo acho que a Dercy é minha "ídala", porque ela é brincadeira. Dercy FUCKIN' ROCKS! E curiosamente a mesma avó me ensinou a relacionar o cu e as calças numa pergunta que minha mãe detesta.

Sem contar que nada, mas nada mesmo, substitui um "Caralho!" bem colocado. Deixando de lado a ambigüidade da frase, é verdade. Toda vez que me perguntam qual minha palavra favorita em português, vou direto nele: caralho. Não é 'saudade'? Caralho. Nem alguma coisa que só nós temos, que transmite um sentimento de blá blá blá? Não, é caralho. E não é porque eu sou um cara amargurado ou rancoroso (por mais que eu ande assim), mas é simplesmente porque é o tipo de palavra que substitui um monte de explicações e comentários, gestos e resume sentimentos. É mais ou menos como o "Fudeu", sabe? Bateu o carro, ou vê aquele gorila vindo pra cima de você com uma cara nada amigável porque você passou a mão na bunda da namorada dele. Estufa o peito, olha pra cima e solta... "Fudeu!". Vááááárias vezes passei por isso.

Eu falo assim até de comida, juro. Na mesa, me perguntam se eu quero alguma coisa um nome grotesco, que parece com o ranho de um monstro que saiu das obras do Tolkien. A resposta é a mesma, na lata: "Que bosta é essa?". A mãe de uma amiga minha ficava louca, mas não era por maldade... tudo bem, com ela era meio que piada, mas não falo isso pra denegrir, até porque falo assim da minha própria comida, numa boa. No caso do frango na cerveja, era a mais pura verdade, mas falo de boa mesmo. E como com gosto, sem ficar com "nojinho" porque falei uma dessas, quem me conhece sabe.

Por hora, enquanto não descolo um atestado falso do Tourette, vou ter que dar um jeito de manter a postura e dar sorrisos no social. E até controlar um pouco, porque ultimamente eu ando falando o dobro de palavrões, até mesmo a tal palavra que eu não falo, mas que algumas pessoas já ouviram (né, Batotis?). Se alguém souber como eu consigo, me avisa, por favor, pra eu poder chegar no trampo e justificar porque mandei um aluno pra puta que pariu ou perguntei se ele não queria ir tomar no cu e parar de me encher o saco. Só isso que eu peço. É demais?

10 comentários:

Anônimo disse...

Caralho, que porra e' essa de ficar falando esse tanto de palavrao??
Adoro soltar um palavrao bem alto qdo to stressada, parece que lava a alma. Oh delicia!
Mas pq toda mae nao gosta que a gente fala palavrao? Minha mae por exemplo, qdo bate o dedinho na cama, solta cada palavrao que eu nunca pensava que fosse sair da boca dela. Viu, nem ela escapa das tais palavras de baixo calao. E que saber? Falar palavrao e' bom pra caralho!!!

Anônimo disse...

Bom, acho que você nunca me ouviu falando algum palavrão mais forte, né? Como te disse, até meus pais falam mais que eu, mas eu não sei exatamente o motivo (Tourette reverso?). E não é questão de querer bancar a santinha educada, acho que os palavrões não fazem muito parte do meu vocabulário, mas de vez em qdo eles aparecem sim e não tenho nada contra eles.
Em relação a falar ou não, o ruim é vc deixar de fazer ou falar algo por medo do que vão pensar (não é o meu caso). Claro que um bom senso sempre é legal, mas esse negócio de morrer de vontade de soltar um belo palavrão e, ao invés disso, deixar passar, deve ser igual peidar pra dentro. Hahahaha...

Unknown disse...

Eu tbm acho que nada substitui um caralho bem colocado. hohoho, desculpa, mas foi irresistível comentar isso, porque achei que essa frase de fuder o cu do palhaço (aaaahhhhh!), tá bom admito, eu quis comentar só pra escrever isso =D

Quanto ao seu palavrão-tabu,lembrei de um amigo que uma época, quando na ocasião de precisar soltar um desses, falava assim: "Buceta!!!... não, não, buceta é bom!... Caralho!!"

hihihihi, se minha mãe me visse escrevendo essas coisas me matava...

Alessandra disse...

Eu ando aprendendo a me segurar um pouco, porque percebi que quando você não fala palavrão nunca, bom... naqueles momentos em que um é realmente necessário, ele provoca muito mais inmpacto. É impressionante o susto que provoca um "filho da puta" quando saído de uma boca inesperada.

Mas falar sempre acaba sendo vantagem também por isso mesmo. Você, querido, fala tantos que quase ninguém que te conhece se ofende mais. Ganhou passe livre de palavrão com os amigos, porque senão não seria você. :-D

Aline disse...

FYI, essa coisa de que a palavra "saudade" só existe na língua portuguesa é papo de purista seguidor do Pasquale. Te falo mais pelo menos umas 5 línguas (afinal, ainda não sou o Gumarães Rosa - keyword AINDA), pra citar 23. Por exemplo, "Sehnsucht", em alemão, expressa basicamente a mesma coisa.
Algué sempre vai argumentar que não é EXATAMENTE a mesma coisa. Mas isso vale para qualquer palavra. "Table" em inglês também não traduz exata e estritamente "mesa" em português, como qualquer pessoa minimamente capaz de sinapses irá concordar.

Enfim, tudo isso pra dizer que, embora eu talvez não esteja no mesmo nível que você no quesito "caralhos bem colocados", tem horas que só um bom palavrão pra expressar o que está passando pela sua cabeça. E, vale lembrar, palavrão é um negócio que só faz efeito na língua materna. Nunca me satisfaço com um "motherfucker", mas um "filhodaputaarromadodaporra" faz um bem...

Aline disse...

Leia-se "Guimarães" no lugar de "Gumarães", please.

Ana Elisa Gusso disse...

Assistir a um jogo de futebol no estádio pra mim também é sinônimo de falar todos os palavrões possíveis, não tem válvula de escape melhor =)

zeh disse...

fiquei curiosa... vc é desses homens que ama palavrao mas quando ve uma mulher falando acha feio?
ou essa foi uma pergunta idiota pra caralho?

Paulo Tiago disse...

Peidar pra dentro foi a melhor coisa EVER, me matei de rir aqui! hahahaha Quer dizer, na escola... e o povo, a mesma coisa.

Bruna, juro que tava esperando a senhorita falar do coitado do palhaço! hahaha

Suzie, por isso gosto tanto de voce! rs

Clarisse, eu ADORO mulher que fala palavrqo. Mesmo!

Sandro Livio Segnini disse...

Eu acho errado esse negócio de falar palavrão. A gente tem de sempre seguir o exemplo de Jesus, aposto que ele não falava palavrão. Não ficaria bem ele dizendo coisas como: "O cuzão que não tiver nenhum pecado que atire a primeira pedra, caralho!" ou "Eu vou cuspir no barro e passar nos seus olhos e assim você vai finalmente poder enxergar, seu filho da puta!" Não, não dá certo, se não fica bem pra jesus não fica bem pra mim.