Despedir-se de alguém é sempre muito chato. Claro que tem gente que, não dá pra negar, é melhor ver pelas costas do que pela frente, e eu não sou hipócrita pra dizer que isso não existe. Já dei muito tchau na minha vida rezando pra nunca mais ver o sujeito na minha frente, ou mesmo fiquei calado diante de um "a gente se fala", porque não era minha intenção fazê-lo. Pior ainda quando a pessoa diz que tá com saudade e sua vontade é de falar "eu não, sorry". Podem me chamar de amargurado ou algo assim, mas eu tenho a sensação de que eu já tive experiências o bastante pra saber quando dizer isso ou não, porque eu gosto só de dizer pras pessoas de quem eu vou sentir falta mesmo, sentir saudade, ficar triste em ver ir embora ou simplesmente subir num ônibus, entrar num taxi. Qualquer coisa do tipo.
Nesse sentido, parece muito que "tô com saudade" (ou mesmo "saudades") anda sendo banalizado como "eu te amo". Talvez por trabalhar com molecada de 15 anos, mais ou menos, eu fico vendo o tanto que eles escrevem isso, quando não um "xaudadi" ou "ti amu, miguxa" e coisas assim. Afe! Ver como os americanos usam o tal "I love you" é uma coisa que me deixa meio deprimido, porque se diz pra gente que mal se conhece, e não tô falando de paixões relâmpago ou algo assim. No, sir. E o Brasil segue o mesmo rumo, só que isso chega a ser pior com o lance da saudade. Talvez porque nós, que nos orgulhamos tanto de ter uma palavra tão carregada de sentido e bela em nosso léxico, estejamos fazendo com que ela vire outra palavra qualquer, que se diz pra qualquer bobo que passa na rua. Imagine isso no telemarketing. "Obrigado, senhor. Vou estar sentindo saudades, te amo", que horror!
Isso faz a gente pensar até um pouco na própria carreira, ao menos na minha: Letras. Tanta gente acha sem sentido, meio sem lugar no mundo hoje a não ser que seja tradução, e ainda assim tem que ser pro Harry Potter. Mas eu sinto que pra mim serviu pra mostrar o quanto palavras são importantes, como umas conversas no MSN claramente mostram, e isso não deve ser perdido. Nunca, de jeito nenhum, e quanto menos a gente cultiva uma cultura que mostra essa importância, mais cedo os sentidos vão se esvaziando. E o sentido de "estou com saudade" é grande, ao menos pra mim. Ter ido pra longe daqueles de quem eu gosto tanto desde mais novo me mostrou o peso que isso tem; queria que outros pudessem ver isso um pouco melhor em vez de soltar essas coisas a torto e a direito. É pensar um pouco, ver se vale a pena falar, e o fazer com mais sinceridade, really mening it.
Bom, bobeira da minha parte? Talvez sim, e talvez seja exagero meu, como eu achei de um cara uma vez que dizia que os americanos estavam estragando o inglês por dizerem "have a nice day" sem querer realmente dizer aquilo (pra mim, é ser minimamente simpático), até porque desejar um bom dia não mata ninguém. Mas isso tudo hoje veio por um motivo, além da vontade de escrever um post sobre isso. Poderia ter sido melhor, eu juro que já ouvi uma música que falava justamente disso, e eu até mesmo pensei em falar sobre como eu sinto saudade de mim mesmo - é, eu sinto mesmo. Só que hoje tinha motivo forte, pra mim.
Boa sorte, Flávio, ou Motinha, nessa empreitada. Acho que não preciso falar, mas rezei muito por você, e torço pra que tudo dê certo, e sua vida pelos próximos dois anos te faça crescer, te acrescente muita coisa boa. Nunca tive problemas em admitir isso, e não vai ser agora que vai ser diferente. Sempre senti e sinto já saudade de você, amigo. Vai com Deus, e se cuida pra voltar, porque você faz falta.