Quem muitas vezes já não se deparou pensando demais em alguém que nem conhece? Se empolgando por ouvir aquele barulho do MSN quando o contato entra, e você nunca viu o sujeito na vida? Ou fazendo planos, uns mais longe que os outros, com pessoas que nem mesmo entraram de fato em nossas vidas, mas que estão ali, esperando a chance de dar um "oi"? Em outras palavras: quem nunca se interessou, de uma forma ou de outra, por estranhos?
Claro que, quando encontramos alguém pela primeira vez, seja na balada, seja na casa de algum conhecido, esse alguém é, de fato, um(a) estranho(a). Mas, apesar disso, muitas vezes você vê de longe, fica de olho e se sente interessado. Regras da atração, normal, e o mais legal é quando a pessoa olha de volta, fica de olho... daí você vai conversar, com um xaveco melhor do que o do chocolate, mas ouve um "Você tava me olhando, perdeu alguma coisa?" com um tom claramente não-amigável. Toco! Mas eu falo de, por exemplo, MSN ou orkut, por mais que alguns achem que essas coisas são de nerd ou algo menos educado. Deus me livre de conhecer alguém pela internet!
Mas não precisa ser nesse ponto. Amigos, por exemplo. Às portas de uma viagem, conversando com pessoas de outros países, que falam outras línguas, por e-mail ou por MSN, como explicar aquele formigamento e animação só de ver que o cara mandou um e-mail legal, ou mesmo que entrou no MSN? E o papo flui como se fossem velhos amigos, segredos compartilhados, besteiras são ditas, risadas dadas e, principalmente, planos traçados (e até casamento vale nisso, se o padrinho deixar, é claro). De repente, você se pega andando na rua e pensando que o Fulano gostaria daquilo, ou mesmo que você morreria pra levar a Cicrana a tal lugar, numa convicção de quem tem anos de amizade; dá até vontade de ligar na hora, e nesses momentos eu olho pra cima e dou graças aos céus pelo SMS. Obrigado, Senhor! Minha conta agradece.
E qual o problema com isso? Nenhum, nem mesmo se o caso for de passar horas na frente do PC só porque aquela pessoa pode entrar, ou correr pra ver os e-mails seja a hora ou o lugar que for, numa ânsia infantil. E tá interessado(a) mesmo? Ótimo, não se reprima, deixe a coisa sair. Numas dessas, mesmo que não aconteça a paixão (como diriam Leandro & Leonardo), uma amizade muito bacana pode sair dali. E pro inferno com quem tem preconceito contra esse tipo de coisa, como eu já disse. O mundo muda, e pra que negar o que o bendito digital hoje é parte da nossa vida?
Pior, eu diria, é poder cantar algo como em "We Might As Well Be Strangers", do Keane. Esse tipo de estranho, sim, deve ser evitado a todos os custos:
"I don't know your thoughts these days
We're strangers in, an empty space
I don't understand your heart
It's easier, to be apart"
Me chame de sonhador, ou romântico (e, por favor, não vá ver isso como um apaixonado, vai), mas eu gosto mais da minha concepção da coisa toda. Não vejo pessoas como estranhos, ou estranhas. São amigos e amigas que ainda não tive o prazer de encontrar. E se você concorda não se iniba de dizer, com um sorriso sincero, um sonoro "Hello, stranger". Pode operar pequenos e verdadeiros milagres, como já pude viver.