"E como será?
O vento vai dizer
lento o que virá"
-- ouvir O Vento, do Los Hermanos, me traz sensações contraditórias, por pessoas contraditórias.
* * *
Eu falo inglês decentemente desde uns 10 anos de idade, e hoje é pra mim segunda língua. Meu espanhol é o suficiente para ir pra Barcelona e pra Buenos Aires e me virar sem ter que apelar. O que eu aprendi de francês com a Laura, especialmente, me garantiu na Bélgica, em Paris e no pub uma vez, além me ajudar a escapar de uma multa de €73 por conta de um erro no metrô, em Bruxelas. Mas isso não é pra mostrar como eu sou viajado ou como eu sei falar outras coisas, até porque eu tenho é vergonha de não ter ido mais além no espanhol ou no francês. É pra falar do bom e velho português.
Sim, minha língua-mãe, aquela que eu adquiri e não aprendi, que é o terror de tantos alunos e me fez sorrir ao chegar a Portugal só pelo fato de existir. A língua de Machado de Assis, de Guimarães Rosa e de Carlos Drummond de Andrade, de Camões, Fernando Pessoa e José Saramago, entre outros tantos. A língua que eu faço questão de enumerar como primeira sempre que me perguntam quais eu falo, como deve ser. Aquela que, com esse novo acordo, vai dar um nó na cabeça de muita gente, sendo que mesmo como "era" já era complicada o bastante, com tantas regras, num país onde se tem tantos analfabetos funcionais que mal sabem ler textos básicos. A língua do colonizador, a minha, a sua, a nossa.
Muitas vezes eu me pego pensando em postar, por exemplo, em inglês, ou mesmo em francês, como já fiz antes e como é um rascunho que nunca vai ser publicado. Mas a real é que eu gosto mesmo é de escrever em português, porque eu ME levo a sério. Percebi isso alguns anos atrás, e foi quando percebi que não poderia dar aulas de inglês pro resto da vida, porque não é sério, não é real, não é a expressão real do que eu tenho dentro de mim e quero colocar pra fora. Eu sinto que, quando falo em inglês, estou dando aula, são exemplos ou papo pra aluno, coisas do tipo, a menos que seja o caso de expressões que não tenham uma tradução decente o bastante, e então... eu não me levo tanto a sério, o que tem me forçado cada vez mais a me forçar a usar português, com ou sem erros, formal ou informal, oral ou escrito. Não quero dizer que usar inglês é péssimo, mas o problema está justamente em quando usar o inglês, ou com quem.
Não sei bem o porquê de estar escrevendo isso aqui, mas acho que é um tipo de aviso. Não sei. Não sei nem mesmo se o francês e o espanhol sofrem desse "mal", talvez não dado o nível deles pra mim, mas o inglês acaba sofrendo, coitado. E a verdade é que eu me sinto mal toda vez que tento falar alguma coisa, tento me expôr, e acabo recorrendo a ele, por ser mais fácil, por as palavras não terem o mesmo peso e, assim, eu proteger alguma coisa, que eu nem mesmo sei o que é.
* * *
Agradecimentos ao Fiu pela ajuda com o título. Que, por favor, é uma certa ironia.
O vento vai dizer
lento o que virá"
-- ouvir O Vento, do Los Hermanos, me traz sensações contraditórias, por pessoas contraditórias.
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Eu falo inglês decentemente desde uns 10 anos de idade, e hoje é pra mim segunda língua. Meu espanhol é o suficiente para ir pra Barcelona e pra Buenos Aires e me virar sem ter que apelar. O que eu aprendi de francês com a Laura, especialmente, me garantiu na Bélgica, em Paris e no pub uma vez, além me ajudar a escapar de uma multa de €73 por conta de um erro no metrô, em Bruxelas. Mas isso não é pra mostrar como eu sou viajado ou como eu sei falar outras coisas, até porque eu tenho é vergonha de não ter ido mais além no espanhol ou no francês. É pra falar do bom e velho português.
Sim, minha língua-mãe, aquela que eu adquiri e não aprendi, que é o terror de tantos alunos e me fez sorrir ao chegar a Portugal só pelo fato de existir. A língua de Machado de Assis, de Guimarães Rosa e de Carlos Drummond de Andrade, de Camões, Fernando Pessoa e José Saramago, entre outros tantos. A língua que eu faço questão de enumerar como primeira sempre que me perguntam quais eu falo, como deve ser. Aquela que, com esse novo acordo, vai dar um nó na cabeça de muita gente, sendo que mesmo como "era" já era complicada o bastante, com tantas regras, num país onde se tem tantos analfabetos funcionais que mal sabem ler textos básicos. A língua do colonizador, a minha, a sua, a nossa.
Muitas vezes eu me pego pensando em postar, por exemplo, em inglês, ou mesmo em francês, como já fiz antes e como é um rascunho que nunca vai ser publicado. Mas a real é que eu gosto mesmo é de escrever em português, porque eu ME levo a sério. Percebi isso alguns anos atrás, e foi quando percebi que não poderia dar aulas de inglês pro resto da vida, porque não é sério, não é real, não é a expressão real do que eu tenho dentro de mim e quero colocar pra fora. Eu sinto que, quando falo em inglês, estou dando aula, são exemplos ou papo pra aluno, coisas do tipo, a menos que seja o caso de expressões que não tenham uma tradução decente o bastante, e então... eu não me levo tanto a sério, o que tem me forçado cada vez mais a me forçar a usar português, com ou sem erros, formal ou informal, oral ou escrito. Não quero dizer que usar inglês é péssimo, mas o problema está justamente em quando usar o inglês, ou com quem.
Não sei bem o porquê de estar escrevendo isso aqui, mas acho que é um tipo de aviso. Não sei. Não sei nem mesmo se o francês e o espanhol sofrem desse "mal", talvez não dado o nível deles pra mim, mas o inglês acaba sofrendo, coitado. E a verdade é que eu me sinto mal toda vez que tento falar alguma coisa, tento me expôr, e acabo recorrendo a ele, por ser mais fácil, por as palavras não terem o mesmo peso e, assim, eu proteger alguma coisa, que eu nem mesmo sei o que é.
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Agradecimentos ao Fiu pela ajuda com o título. Que, por favor, é uma certa ironia.
8 comentários:
Lembro que uma vez, lendo um texto de minha vó, corrigi umas coisas, palavras que estavam com a grafia errada, acentos etc...
Ela, que escrevia muito bem, olhou os erros e disse, mas é assim meu filho!
Bom não era, a resposta não podia ser melhor.
Bom isso não é erro, é atestado de idade.
Realmente, não tenho a menor vontade de adotar essas mudanças, que valem muito mais ao Itamarati (Itamaraty rs) do que a qualquer outra coisa. A partir de agora, passo a ter também atestado de idade!
Quem sabe, por charme, ainda não adote uma theoria retrógrada, e comece a fazer projectos mais conservadores também! Afinal cada vez mais o velho me parece melhor, antiquado e inviável... na música, na arquitetura, nas artes...
Abraço!
Fiu
Uma pequena correção (por table, correção ao Fiu; os dois que desculpem minha "cri-crizice" de sempre): é "Kannst" em vez de "Kanst", com dois "n", get it?
Beijo!
*por tabela (dislexia digital)
E (para ser ainda MAIS chata) é "sprechen" em vez de "schprechen". O primeiro "s" fica sozinho mesmo, coitado. E um adendo, porque a língua alemã também passou recentemente por uma reforma ortográfica: o pronome "Du" que vc usou não é mais escrito com maiúsculas.
Portanto, tia Aline ensina, o título adequado para o post seria:
"Kannst du Portugiesisch sprechen?"
Hope it works! Kisses
po schprechen era assim mesmo mas blz não faço questão de escrever certo em alemão... = P ainda mais depois de 10 anos rs
bjo aline = D
hehehe eu to errado mesmo rs to vendo que no mínimo preciso de alguma literatura tipo revista pra ler, se não perco o resto que mal sobrou rs
Fiu
= )
Haha. Nada pessoal, Fiu. Só postei as correções pra encher o saco do Paulo. E porque, como ele mesmo disse, ele SABIA que eu ia fazer algum comentário corretivo deste tipo. Mas é tudo brincadeira...
Alles gut? Bis bald!
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